À descoberta de um vinho

Todo o vinho tem a sua história e a deste é bem curiosa. José de Sousa Rosado Fernandes foi um importante agricultor alentejano e eram famosas, na década de 40 do século passado, as festas e as caçadas que organizava e onde servia o seu Tinto Velho José de Sousa.

a fama deste néctar ultrapassava fronteiras e chegavam mesmo encomendas vindas do palácio de buckingham.

com a morte de josé de sousa rosado fernandes, a casa agrícola acabou nas mãos de um seu cunhado, que a vendeu depois à josé maria da fonseca, em 1986. a partir daqui, a empresa quis dar continuidade ao mítico tinto velho, só que nada restava que pudesse indicar o seu perfil e o modo de produção. com a compra, não chegou às mãos da família soares franco, proprietários da josé maria da fonseca, qualquer historial do vinho. para piorar este cenário, a herdade da ribeira, intervencionada na reforma agrária, em 1975, tinha visto ser arrancada quase toda a vinha. por sorte, uma parte continuava com as raízes na terra, o que veio abrir as portas para que fosse possível apurar quais as castas que faziam o famoso tinto velho. mas não chegava.

um dia, tudo mudou. numa das suas viagens a inglaterra, antónio soares franco viu num catálogo da christie’s 12 garrafas de tinto velho de 1940. comprou-as e, após a sua análise, começaram a perceber como era o tão famoso vinho. além disso, a posterior descoberta de mais algumas garrafas de tinto velho de 1940 completaram o puzzle e renasceu o josé de sousa original.

este tinto, resultante das castas trincadeira, aragonês e grand noir, plantadas em solos de origem granítica, foi parcialmente fermentado em ânforas de barro e depois em depósitos de inox. estagiou oito meses em madeira nova (30% da sua produção) e em madeira de um ano (os restantes 70%), e nove meses em garrafa. tem aroma a chocolate preto e baunilha e um paladar frutado. foi engarrafado em fevereiro de 2011 e tem longevidade prevista de quatro anos.

jose.moroso@sol.pt