há um fio condutor, um ponto em comum nestas empresas: está em causa uma mudança radical nos respectivos centros de poder. é verdade que em todos os casos a gestão se mantém fisicamente em portugal. mas as decisões estratégicas, as opções fundamentais, virão do exterior. e, nessa medida, há uma transferência factual de poder para fora do país.
os chineses podem dizer que não mandam sozinhos na edp. mas nenhuma decisão relevante será tomada sem que eles a avalizem. na ren, chineses e árabes podem não nomear administradores executivos. mas nada de essencial será feito sem que eles deixem. no bcp, após a impossibilidade técnica de os accionistas nacionais traçarem um caminho e, coesos, o seguirem, serão sobretudo os angolanos da sonangol – eventualmente aliados a chineses e brasileiros que venham a entrar no capital do banco – a ditar as regras no futuro.
é negativo que se altere o centro de decisão? não se trata de ser bom ou mau. as coisas são o que são e a verdade é que há outro ponto em comum nos três casos: é preciso dinheiro. sem chineses, árabes e angolanos, estas empresas, a breve prazo, ficariam paralisadas por falta de crédito no mercado. orgulhemo-nos, portanto, e respiremos de alívio por haver quem queira ganhar com as nossas empresas e acredite que o vai conseguir. e lembremo-nos do muito que algumas das nossas têm ganho lá fora. são estas as regras do jogo. o resto são ‘pieguices’.
ricardo.d.lopes@sol.pt