O grande mérito de Rubem Fonseca

O brasileiro Rubem Fonseca, um dos maiores escritores em língua portuguesa vivo, está em Portugal, numa visita marcada por homenagens, prémios e distinções. Hoje foi a vez da Câmara Municipal de Lisboa lhe prestar tributo. E foi com um enorme sorriso estampado na cara que Rubem Fonseca recebeu, das mãos de António Costa, a Medalha…

«é com grande satisfação e orgulho que atribuo esta medalha a rubem fonseca, uma dos maiores escritores de língua portuguesa» disse antónio costa, para quem o criador de mandrake é «um dos mais importantes e singulares escritores brasileiros contemporâneos». o presidente da câmara municipal de lisboa justificou a distinção pelo facto de rubem fonseca ser não só um dos grandes criadores da nossa língua, como «pela extraordinária qualidade da sua obra literária». «é pela sua grande arte de inventar e reinventar narrativas que a língua portuguesa se enriquece, se mantém e manterá viva e eterna».

«rubem fonseca elegeu o quotidiano das grandes cidades para tecer a sua ficção, recorre às histórias e à realidade urbana para registar e desocultar os dramas humanos numa construção feita de inteligência, crueza, oralidade e de um humor que nos desarma e nos estimula o sentido crítico», afirmou antónio costa.

depois dos devidos agradecimentos, o escritor brasileiro sublinhou que, apesar de esta ser uma importante «honraria», não foi esta a coisa mais importante que lhe aconteceu nestes dias no país. «a coisa mais importante é estar aqui em portugal, a terra dos meus antepassados». filho de portugueses, rubem fonseca foi, a par do seu irmão, o primeiro brasileiro da família. «na minha casa só se ouvir falar português, com sotaque português – não percebo porque não o tenho – a minha mãe só fazia comida portuguesa e os livros da biblioteca do meu pai eram de autores portugueses, como camões, eça de queirós e camilo castelo branco. estar aqui entre os meus patrícios é a minha maior alegria», garantiu.

por tudo isto, rubem fonseca, que foi distinguido com o prémio camões em 2003, afirmou ter grande orgulho na língua portuguesa. «é falada por milhões e será robustecida pelos povos e por nós escritores, que a pomos no papel para que fique guardada para a eternidade».

na cerimónia estiveram presentes, entre outros, mário vilalva, embaixador do brasil em lisboa, francisco josé viegas, secretário de estado da cultura, a escritora teolinda gersão e inês pedrosa, directora da casa fernando pessoa.

rita.s.freire@sol.pt