mais uma vez coube à portuguesa fátima lopes marcar o arranque de mais uma semana de moda prêt-à-porter de paris. depois de surpreender na última estação, ao escolher a torre eiffel como espaço para o seu desfile, desta feita o local eleito é igualmente simbólico para os franceses: o hôtel national des invalides, monumento mandado construir por luís xiv para dar abrigo aos feridos do exército francês e que hoje em dia serve, entre outros, de museu do exército e de sepultura para inúmeros ilustres franceses, entre os quais napoleão bonaparte. «mais uma vez, eu e a minha equipa procurámos um sítio onde ainda não tivesse sido feito um desfile de moda e chegámos até esta sala fantástica, explicou a designer no final do desfile.
ao som de um violoncelo tocado ao vivo, e com o tema ‘à flor da pele’, fátima lopes procurou recriar na roupa uma segunda pele. «a roupa serve para criar a ilusão de perfeição». para tal, a madeirense produziu padrões que recriam o interior do corpo humano, com as suas veias e órgãos. além disto, recorreu à mistura de materiais e aos cortes em viés para redefinir a silhueta feminina, criando imagens muito cintadas e sensuais. nota positiva para os vestidos em cabedal e outros em seda estampada com cortes gráficos.
nota negativa para os acessórios, sobretudo os sapatos aos quais foram aplicados autocolantes com ossos. preto, branco, nude, vermelho sangue e bordeaux foram as cores escolhidas. os materiais foram ricos, muitas sedas e peles bovinas, contrariando a crise. em tempos difíceis a, muitas vezes, a moda recupera a sua opulência. «a crise é real, mas não é momento para baixar os braços, até porque temos talento em portugal», desabafou fátima lopes.
a incursão do portugal fashion, projecto da responsabilidade da anje – associação nacional de jovens empresários, continua amanha, com os desfiles de felipe oliveira baptista e luís buchinho.
