Liberdade para enfrentar a crise

Contra todas as dificuldades, a ModaLisboa está de regresso. O desafio é mostrar que a criatividade portuguesa está viva

arrancou ontem mais uma edição da modalisboa, num momento particularmente difícil para a organização. a associação por detrás daquele que é o mais emblemático evento de moda portuguesa perdeu, algumas semanas antes do arranque desta edição, aquele que era o seu maior patrocinador. esta perda, juntamente com a redução de outros apoios – inclusive o da câmara municipal de lisboa –, e a desistência de três criadores – ana salazar, aleksandar protic e os manéis –, obrigou a modalisboa a redefinir-se.

assim, esta edição optou pelo tema freedom, como representação da «liberdade de pensamento e renovação do estabelecido», como explica a organização. até domingo três passerelles – paços do concelho, espaço bpi e pátio da galé – servirão de palco para as propostas para o inverno 2013, procurando ultrapassar as evidentes dificuldades do país.

no primeiro dia subiram à passerelle as propostas de saymyname, white tent, lidija kolovrat e luís buchinho. a colecção da saymyname, inspirada no universo dos samurais, apresentou coordenados interessantes, com destaque para os casacos com mangas raglan. as jóias de olga noronha foram ideais para completar a imagem. de seguida, os white tent voltaram a apresentar as suas propostas minimalistas, com destaque para os casacos – expoente máximo das suas criações. lidija kolovrat, depois de na colecção anterior ter demonstrado uma inversão no seu percurso criativo, voltou agora ao seu característico universo da desconstrução. as apostas de homem pareceram mais conseguidas do que as de mulher.

a fechar o dia, luís buchinho mostrou a colecção que há uma semana fez sucesso em paris. inspirada na calçada portuguesa, o resultado foi uma colecção mais depurada e elegante do que outras do passado. uma opção inteligente para os tempos actuais.

foi um arranque suave, para uma modalisboa que procura ultrapassar um cenário de crise que afecta todo o país. ficou, no entanto, a promessa feita pelo presidente da câmara municipal de lisboa, antónio costa, de que a modalisboa não terminará – ver aqui entrevista.

raquel.carrilho@sol.pt