na outra face da moeda deste projecto está teresa bettencourt, 23 anos. licenciou-se em moda pela faculdade de arquitectura de lisboa. mal terminou o curso estagiou no ateliê de alexandra moura onde descobriu o prazer pelos acessórios, nomeadamente as malas. terminado o estágio, em 2011, em vez de procurar outro ateliê, decidiu aventurar-se por conta própria. por um lado, havia a criatividade de teresa; por outro, a análise financeira de carlos. o facto de serem namorados ajudou. «achámos que podia haver espaço para uma marca de malas, marroquinaria de qualidade, totalmente feita em portugal», conta teresa. nem a jovem idade nem o facto de a crise aconselhar alguma prudência nos novos investimentos, os assustou. fizeram uso dos conhecimentos de carlos. «não houve grande investimento. fomos nós dois que fizemos tudo. o design, o projecto de marketing, o site…».
só a produção não está a cargo da dupla. «achámos que seria fácil produzir em portugal, mas não. percebemos que muitas fábricas têm fechado e outras só aceitam grandes encomendas, o que, para quem está a começar como nós é impossível». correram as páginas amarelas e acabaram por descobrir um artesão na zona centro do país, em fátima. «foi o mais próximo de lisboa que encontrámos». mas não foi só a proximidade que acabou por ser decisiva: o artesão que escolheram já trabalhou para marcas como a lancel e a dior.
ainda mais difícil foi encontrarem um nome. acabaram por recorrer à alcunha que o pai de teresa chamava às duas filhas. «ao mesmo tempo é algo que tem a ver com lisboa e com portugal», dizem estes dois açorianos da terceira, que vieram para o continente estudar e nunca mais saíram.
depois de meses de preparativos, a estreia oficial da marca acontece com a colecção para esta primavera/ verão 2012, com o tema jungle drums, uma explosão de cores e diferentes texturas, irreverente e divertida. «a manjerica é um pouco de mim. gosto de estar atenta a tudo o que se passa, nas artes, na rua… absorvo e crio um tema e daí desenvolvo as peças. neste caso pensei em cores, formas e texturas da selva, dos animais, da floresta. gosto de misturar estilos, mas a minha base é clássica», explica teresa. «é uma marca para uma mulher sofisticada, urbana e eclética, que gosta de criar o seu próprio estilo». ao que depressa carlos acrescenta: «é uma mulher que pode estar de jeans e um top branco e depois usa uma mala nossa e isso faz toda a diferença». apesar de a jovem designer preferir não opinar muito sobre as questões relativas ao investimento financeiro da marca, já carlos não resiste a dar palpites sobre as criações de teresa. mas ela até agradece: «trabalho sozinha em casa, o dia todo, e por vezes tenho necessidade de lhe pedir opinião. fico insegura».
por enquanto a dupla dá, timidamente, os primeiros passos. investiu em criar algum stock, têm um site com loja online (www.manjerica.com) e estão em negociações com outras lojas. «mas queremos começar devagar, até para mantermos o lado exclusivo e manual da marca». redes sociais como o facebook têm ajudado a marca a ser falada e a tornar-se uma espécie de ‘objecto de desejo’. «o facebook permitiu a interacção e perceber a reacção das pessoas». e os pedidos inusitados não tardaram em chegar, como uma bloger que quis uma mala, mas adaptada para guardar as suas máquinas fotográficas. «é uma pequena comunidade que começa a surgir», brincam teresa bettencourt e carlos elavai, «de donas de manjericas».