nem oito, nem 80. os ingleses, por exemplo, cultivam uma frieza forçada, por vezes patética, escondendo qualquer emoção por trás de um sóbrio franzir de beiços e de olhos, que tanto pode ser um breve sorriso como um vago lamento. viu-se isso agora, numa série de sucesso da televisão (embora de época, da 2.ª década do século passado, mas nisso actual), downton abbey. nós, os continentais, somos um pouco mais soltos. mas a leitora tem alguma razão. em tudo devemos ser um tanto contidos.
o meu marido lembra-se de, em pequeno, num hospital da sua família, ouvir sempre berros lancinantes nas enfermarias, mesmo em casos sem importância, enquanto nos quartos particulares, incluindo casos de doenças péssimas, não se ouvia um murmúrio. e concluía que era o sintoma perfeito da diferença de educações. e a falta de pachorra para os pais que se alongam em elogios às gracinhas dos filhos, como se qualquer esgar corriqueiro fosse sintoma definitivo de genialidade! seria bom não ter de os ouvir.
a leitora fala nos apaixonados e nos sofredores. nuns e noutros há sempre um lado íntimo, que se deve expressar longe de olhares alheios. claro que a espontaneidade pode ser uma qualidade. mas terá de ser controlada. nem a cara de pau dos ingleses, com o seu stiff upper lip, nem a gritaria árabe. sejamos mediterrânicos, expansivos, mas educados. soframos e amemos sem complexos, mas com decoro. e educação.
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