«eu estive no museu britânico há duas semanas e pela primeira vez os britânicos mostraram interesse e explicaram porque é que as peças de mármore estão lá desde o século xix», disse à lusa pavlos geroulanos, socialista do pasok e ministro da cultura e turismo do governo de coligação grego.
para o ministro, a explicação do museu britânico foi já um «passo importante» e, por isso, está optimista em relação às negociações.
«para nós é um passo muito importante na direcção certa porque, até ao momento, o museu britânico nem sequer queria discutir o assunto. pelo menos agora começaram por explicar porque é que as peças de mármore têm de ficar em londres. é uma atitude defensiva mas que nos dá esperança».
o partenon, templo mandado construir por péricles no século v a.c. em honra à deusa atena, filha de zeus, foi edificado pelo escultor fídias no mesmo local de uma antiga construção destruída pela invasão persa de 480 a.c.
no século vi, durante a i cruzada, o partenon foi convertido em igreja católica dedicada à virgem maria, saqueado e alvo de destruição durante os ataques do veneziano francesco morosini, no século xvii, e mais tarde transformado em mesquita durante a ocupação otomana, altura em que se perdeu todo o telhado devido a uma explosão de munições que os turcos guardavam no mesmo local.
finalmente, no século xix, o embaixador inglês thomas bruce, duque de elgin, em contactos com os militares otomanos conseguiu remover uma grande quantidade de esculturas e altos relevos de fídias e que se encontram desde essa época no museu britânico em londres.
«o museu britânico mantém os alto relevos de mármore do partenon, e outras peças, mas o que a grécia quer são as peças de mármore do partenon porque fazem parte deste monumento e que têm de ser trazidas para o país de origem» sublinha o ministro da cultura, que já propôs a londres a realização de três em três anos, no museu britânico, de uma exposição sobre a cultura clássica grega em troca dos ‘mármores de elgin’.
«não estamos a dizer aos ingleses que queremos trazer tudo. não estamos a dizer ao museu britânico que queremos esvaziar o museu de londres mas precisamos dessas partes de volta porque elas fazem parte da integridade de um monumento que tem uma importância simbólica extremamente importante. é o símbolo do humanismo e precisa de ficar intacto. por isso, queixamo-nos porque temos de defender a integridade do monumento», disse à lusa pavlos geroulanos, sublinhando que acredita na evolução do processo.
«a negociação está em aberto e atravessa várias fases. há alturas em que o museu britânico mostra mais abertura para discutir o assunto, outras vezes não. nesta altura, há muito interesse pelo assunto em todo o mundo e muita gente está a pressionar o museu britânico» concluiu o ministro.
apesar de faltarem esculturas e outras partes do partenon o novo museu da acrópole, em atenas, inaugurado em 2010 tem montada uma réplica dos frisos do partenon em que figuram as peças originais que ficaram no país e uma pequena parte de um alto relevo devolvida à grécia já no século xxi por um museu holandês.
lusa/sol