além da equipa orientada por jorge jesus, vão a sorteio o barcelona, real madrid, ac milan, bayern de munique, marselha, apoel e chelsea. nesta fase da competição, é comum ouvir nos discursos de treinadores a ideia de que não existem adversários fáceis.
mas a verdade é que o benfica poderá contentar-se caso seja sorteado para enfrentar certas equipas. a expressão ‘em teoria’ ganha especial importância, pois já todos sabem que o futebol é pródigo em surpresas.
o sorteio decorrerá amanhã em nyon, sede da uefa, e tem início marcado para as 10h45.
apoel nicósia: os cipriotas são a grande surpresa da liga dos campeões. ainda antes de alcançarem a fase de grupos onde, a par de vencerem o seu agrupamento, contribuíram para eliminar o fc porto e empurrá-lo para a liga europa, a equipa teve que passar por três pré-eliminatórias. nos oitavos de final ultrapassou o lyon já nas grandes penalidades, mas a receita foi a mesma que vem apresentando – solidez e coesão defensiva, para depois lançar um atrevimento em forma de contra-ataques rápidos.
o melhor marcador da equipa na ‘champions’ é gustavo manduca, com três golos, jogador que passou pelo benfica sem grande destaque. o brasileiro é, a par de adaílton, a principal ameaça ofensiva dos cipriotas, onde actuam
porém, e nesta fase, os cipriotas já não deverão gozar de um trunfo que tiveram frente a quase todos os seus adversários: terem sido subestimados. o apoel é, em teoria, o adversário mais acessível para o benfica (e qualquer outra equipa que os cipriotas tenham de enfrentar).
marselha: a equipa que mais teve de acreditar até ao fim. na fase de grupos, os franceses só conseguiram o apuramento para os oitavos nos derradeiros minutos da partida frente ao borussia dortmund, e agora, com o inter de milão, repetiram a ‘brincadeira’ em pleno giusepe meazza.
com a saída de lucho gonzález em janeiro, para o fc porto, a equipa ficou órfã de um verdadeiro organizador de jogo, embora assente o seu meio campo no poderio de benoit cheyrou e m’vila, que apoiam depois jogadores rápidos na frente de ataque, com destaque para mathieu valbuena e andre ayew, o melhor marcador da equipa.
na época passada, o benfica eliminou o marselha durante a sua caminhada na liga europa, e os adeptos ‘encarnados’ por certo se lembrarão da célebre ‘mão de vata’, referente ao golo marcado pelo antigo avançado angolano na época 1989/90, e que valeu na altura valeu a passagem à final da liga dos campeões.
barcelona: é com os ‘blaugrana’ que começa a série de adversários que o benfica quererá evitar. a história do clube catalão nos últimos anos confunde-se com a de lionel messi, hoje o expoente da qualidade do futebol que a equipa montada por pep guardiola pratica.
em três anos, o barça venceu 13 das 16 provas em que participou, incluindo duas ligas dos campeões. nos oitavos, os catalães atropelaram o bayer leverkusen com 10-2 no conjunto das duas mãos, com messi a marcar cinco golos na segunda partida, em camp nou.
a última vez que os ‘encarnados’ alcançaram os quartos de final foram eliminados precisamente pelos ‘blaugrana’, então orientados por frank rijkaard, e numa altura em que ronaldinho gaúcho ainda ofuscava um jovem messi, cuja idade ainda o fazia sentar por demasiadas vezes no banco de suplentes.
destaque para os 12 golos da ‘pulga’ na prova, que sozinho tem o mesmo número de golos marcados pelo benfica. sempre que o benfica e barcelona se defrontaram na liga dos campeões, uma das equipas acabaria por vencer a competição.
real madrid: um duelo com os ‘merengues’ reeditaria os confrontos que dominaram o futebol europeu na década de 60, quando puskas e di stefano lutavam contra a ‘geração de ouro’ do benfica, com eusébio à cabeça. hoje, sob o leme de josé mourinho, o real madrid persegue a sua 10.ª conquista da liga dos campeões, um objectivo em que se pode concentrar mais graças aos 10 pontos de vantagem que leva na liderança da liga espanhola.
em oito encontros, o real madrid apenas empatou um, nos oitavos de final e em casa do cska, no frio de moscovo (1-1), tendo vencido todos os restantes.
com seis golos, cristiano ronaldo lidera uma equipa que assenta na geometria dos passes de xabi alonso, kaká e özil um ataque rápido e com grande eficácia, com gonzalo higuaín e karim benzema a alternarem no papel de finalizador.
bayern de munique: a desilusão e crítica pairaram sobre a equipa quando o bayern perdeu na suíça, frente ao basileia, a primeira mão dos oitavos de final. mas esta semana, os bávaros fizeram questão de lembrar que estão vivos e na luta por uma presença na final, que esta época se realiza em sua casa, na allianz arena.
quiçá motivados por essa lembrança, a equipa comandada por jupp heynckess, que treinou o benfica na década de 90 do século passado, calou as dúvidas ao vencer por sete golos sem resposta o basileia, na segunda mão. a partida voltou a lembrar as razões para os adversários temerem os alemães: o seu jogo pelas faixas.
uma equipa que conta, de um lado, com frank ribéry, e com arjen robben do outro, terá sempre que ser temida, ainda para mais quando conta no centro do ataque com mario gomez, avançado que marcou quatro golos frente ao basileia e que assim leva já 10 marcados na ‘champions’.
ac milan: os campeões italianos ainda se assustaram, quando permitiram que o arsenal lhes marcasse três golos em londres, após a vantagem de quatro golos que os ‘rossoneri’ traziam de milão. a equipa construída por maximilliano allegri é uma mescla de juventude com a veterania onde o clube assentou as suas mais recentes conquistas na europa – venceu a liga dos campeões em 2003 e 2007.
jogadores como alessandro nesta, clarence seedorf e até zlatan ibrahimovic estão hoje lado a lado com talentos como robinho, kevin-prince boateng e ignazio abate, numa equipa que esta época já arrancou um empate (2-2) em camp nou.
em 1990, sob o leme de sven-goran eriksson, o benfica perdeu a sua última final europeia – então na ainda taça dos campeões europeus -, por 1-0, diante do ac milan.
chelsea: os ingleses parecem ter renascido. após os despedimentos de andré villas-boas, os londrinos venceram as três partidas que disputaram sob o comando de roberto di matteo, com a última vitória a concretizar-se ontem, sobre o nápoles, por 4-1, dando a volta ao resultado com que voltara de itália (3-1).
com o português, os ‘blues’ eram criticados pelo futebol lento e previsível que apresentavam, mas a equipa parece querer mudar a imagem com o novo treinador italiano, e deu a última prova disso mesmo na partida frente aos italianos, que garantiram mais uma presença nos quartos de final da liga dos campeões, a prova que roman abramovich, proprietário do clube, há tantos anos quer conquistar.
villas-boas, e até luiz felipe scolari, deram sinais que o chelsea tinha que se livrar da sua ‘velha guarda’ para voltar às conquistas de títulos, mas ontem foram precisamente didier drogba e john terry a marcar dois dos quatro golos da equipa, com frank lampard, que tantas vezes se sentava no banco com o treinador português, a cumprir os 120 minutos do encontro.
sexta-feira, pela hora do almoço, o benfica já terá definido o seu próximo adversário na caminhada europeia.