Um milionário londrino adormecido e instável

Os principais gigantes foram evitados, calhou antes um que se encontra adormecido. O Benfica foi sorteado com o Chelsea nos quartos de final da Liga dos Campeões e, sendo verdade que o adversário poderia ser mais acessível, é igualmente inegável que o clube londrino não atravessa actualmente o melhor momento da sua história milionária, isto…

os londrinos chegam pela quinta vez em oito anos a esta fase
da competição, mas os ‘encarnados’ podem aproveitar o facto de o clube estar a
rubricar uma época instável, que apenas sossegou um pouco após a saída de andré
villas-boas e a promoção de roberto di matteo a treinador.

desde que o italiano começou a mexer nos cordéis da equipa
que os ‘blues’ venceram todas as três partidas que disputaram – birmingham,
stoke city e nápoles. a equipa vinda da cidade napolitana foi mesmo a única a
conseguir marcar um golo neste período, algo que de nada lhe serviu para evitar a
passagem do chelsea aos quartos de final, que com a vitória por 4-1 em stamford
bridge conseguiu recuperar da derrota (3-1) com que saíra de itália.

o poderio dos milhões russos que têm empurrado o chelsea
para a ribalta do futebol inglês e europeu não têm tido uma resposta à altura, esta época, nos relvados. em 43 encontros oficiais disputados, os londrinos
venceram apenas por 22 vezes, um registo que é ainda mais escurecido pelas 10
derrotas sofridas.

arredado da luta pela premier league – está no quinto lugar
a dezassete pontos do líder -, ao clube
londrino resta a taça de inglaterra e a europa como salvação para uma época até agora
marcada pela desilusão.

a vitória sobre os napolitanos, na quarta-feira, pode ter
proporcionado uma injecção de confiança para um chelsea que nunca defrontou o
benfica em competições europeias, e que conta no seu plantel com david luiz e
ramires, dois internacionais brasileiros que, há duas épocas atrás, eram dois
dos pilares da equipa que jorge jesus fez campeã nacional.

os dois ‘canarinhos’ perfazem algumas das peças mais jovens dos ‘blues’, uma máquina que continua a ser movida pela insistência da idade de
john terry, frank lampard e didier drogba, o tridente base da equipa que
villas-boas tanto tentou rejuvenescer. no meio surge raul meireles, habitual
titular da equipa com o ex-treinador português, mas que com di matteo tem
alternado no onze inicial com lampard, uma situação semelhante à de josé bosingwa, que luta com branislav ivanovic na lateral direita da defesa.

já paulo ferreira e hilário costumam ser
relegados ao banco de suplentes ou à bancada.

o benfica vai começar por receber a 27 ou 28 de março, no estádio da luz, o único clube inglês ainda
em prova nas competições europeias, seguindo-se depois uma visita a londres e ao frenético estádio de stamford
bridge, onde os ‘encarnados’ terão que lidar também com o apoio dos adeptos londrinos que, comuns à tradição britânica, prometem fazer ecoar pelas bancadas cânticos e
gritos de apoio incessantes à sua equipa.

«não tememos ninguém», sublinhou rui costa após o resultado
do sorteio na sede da uefa, em nyon. o chelsea é um opositor de respeito, mas
cuja fragilidade os ‘encarnados’ podem e devem aproveitar. nas
meias-finais estará à espera o barcelona ou o ac milan, esses sim já uns
colossos do futebol europeu.

diogo.pombo@sol.pt