Scholes e Tévez: os regressos que mostraram fraqueza?

Estas primeiras palavras surgem um pouco atrasadas. Na quarta-feira, o Manchester City derrotou (2-1) o Chelsea em sua casa e impôs a primeira derrota ao renovado comando italiano de Roberto di Matteo nos ‘blues’. Mas quiçá o maior destaque recaiu em Carlos Tévez, argentino que regressou à equipa após uns sabáticos seis meses de costas…

primeiro, há que lembrar as declarações de patrick vieira,
antigo internacional francês, aquando do regresso de paul scholes aos relvados,
em janeiro.

o médio gaulês vestiu a camisola dos ‘citizens’ na época
passada, a última da sua carreira e, quando alex ferguson, treinador do united,
resolveu tirar o seu adorado médio da reforma, vieira soltou a sua voz crítica
face ao regresso do médio, algo que classificou como «uma demonstração de
fraqueza» por parte dos ‘red devils’, ao terem que recorrer a um futebolista já
assente nos seus 37 anos de idade.

no fundo, o antigo futebolista do city reagiu ao regresso de
médio inglês como um sinal de que, mesmo salientando o seu «grande respeito por
scholes», o united mostrou «não ter talento suficiente [no seu plantel] para o
substituir».

porém, e na altura do seu regresso, os ‘red devils’ estavam
a mais de 10 pontos da liderança do city, e agora, dois meses volvidos, a
distância foi recuperada e superada, com o united a situar-se actualmente no
primeiro lugar da premier league, com os ‘citizens’ agora no segundo lugar, com
menos um ponto. certo é que, nos nove encontros que disputou para o campeonato
desde que saiu da sua reforma, paul scholes venceu oito jogos e empatou apenas
um.

quem mostrou
fraqueza?

as declarações de patrick vieira surgiram na quarta-feira, numa
entrevista concedida ao daily telegraph, por coincidência no mesmo dia em que os
adeptos do manchester city voltaram a ver carlos tévez com a camisola do clube,
um regresso que, por sinal, foi decisivo, com o argentino a ser o autor do
passe que daria a samir nasri o golo da vitória sobre o chelsea.

o avançado entrou na partida a poucos minutos do fim, e não
se livrou de ouvir alguns ecos de assobios vindos das bancadas, os manifestos
das mentes que não se esqueceram dos quase seis meses de ausência de tévez,
após se ter recusado, em outubro, a entrar em campo num encontro a contar para
a liga dos campeões, em munique, diante do bayern.

pelo meio, houve vários episódios: tévez a dizer mal de
mancini, a fuga sem autorização para a argentina, multas e penalizações no
salário, e o treinador italiano a garantir que o avançado nunca mais jogaria
sob o seu comando no manchester city. mas, em fevereiro, o mal-amado regressou, pediu desculpas, recebeu o perdão e voltou aos treinos. «o que
aconteceu com o carlos faz parte do passado», chegou mesmo a assegurar mancini.

e o final da ‘novela’ foi aproveitado por alex ferguson para
começar uma outra – a dos sinais de fraqueza. o histórico treinador dos ‘red
devils’ questionou as declarações de patrick vieira, ao perguntar se podia falar
de «desespero» quando o manchester city «utilizou um jogador que tinha recusado
entrar em campo, tirou umas férias de cinco meses na argentina, e que o seu
treinador tinha dito que nunca mais jogaria pelo clube».

ferguson ainda retorquiu, em tom irónico, acerca do regresso
de paul scholes, um dos veteranos que, há mais de uma década, integrava a
geração que empurrou o united para uma série de conquistas nos anos 90, ao lado
de outros nomes como ryan giggs, david beckham, gary neville e roy keane.

«se desespero é trazer de volta o melhor médio britânico dos
últimos 20 anos, então acho que o teremos que aceitar», antes de classificar
scholes como «inútil», pois «consegue ditar o ritmo de jogo» e tem «uma brilhante
mente de futebolista».

a troca de críticas veio assim rodear com ainda mais tensão
a lutar que os rivais de manchester estão a travar pela liderança da premier
league, numa altura em que restam ainda nove jornadas por disputar e com apenas
um ponto a separá-los.

diogo.pombo@sol.pt