a «huelga general» prometeu marcar o dia 29 de março em
espanha e, aos olhos dos sindicatos, é o que parece estar a conseguir. dezenas
de milhares de pessoas reuniram-se nas principais cidades do país,
link: na greve espanhola, nem os chineses trabalham.
a ugt (união geral dos trabalhadores), e o ccoo (confederação
sindical de comissões dos trabalhadores), os dois maiores grupos sindicais do
país, consideram que a participação na greve tem sido «muito ampla», ao
situarem perto dos 77% a adesão ao protesto, uma percentagem que dizem ser
superior à verificada em 2010, ano em que os sindicatos também se reuniram para
convocar uma greve contra o então governo socialista de josé luis zapatero.
no centro da greve estão as reivindicações contra o pacote
de medidas que constaram na reforma laboral adoptada, em fevereiro, pelo
governo, a segunda de cariz estrutural aplicada no país em menos de dois anos. os
sindicatos reclamam o início de uma negociação com o governo para uma alteração
de algumas medidas, um pedido ao qual fátima bánez, ministra do emprego,
respondeu ao realçar que «a agenda reformista é imparável», de acordo com o diário
el país.
ao tentar mostrar o impacto da greve, o el mundo destacou os
números do consumo energético em espanha à volta das 13h locais (meio-dia em
portugal). a rede eléctrica de espanha mostrava que, a essa hora, o consumo era
15,5% inferior ao previsto, e de manhã, pelas 8 horas, a descida cifrava-se em
cerca de 23%.
a maior aderência à greve registou-se no sector industrial
do país, onde os sindicatos falaram numa adesão a rondar os 97% dos
trabalhadores, que provocou a paragem de fábricas de produção automóvel como as
da renault, da seat e da volkswagen. na administração público, as estimativas apontam para os 78%.
os efeitos da greve estenderam-se até aos órgãos de
comunicação, onde o público, diário que em fevereiro passou apenas a existir no
formato digital, a revelar que «não se actualizará durante todo o dia de hoje
porque a [sua] redacção decidiu apoiar a jornada da greve em espanha».
«batalha campal» em barcelona
ao longo do dia, vários ministros do executivo espanhol
usaram a palavra «tranquilidade» para descrever o rumo dos acontecimentos da
greve geral. mas na principal cidade da catalunha, os protestos nas ruas
obrigaram à intervenção policial face à queima de contentores e lançamento de
vários objectos por parte dos manifestantes.
perto das 19 horas – menos uma hora em portugal -, o diário
abc avançava com 30 detenções já feitas em barcelona, a par dos 104 contentores
queimados que tinham já sido contabilizados. no total, e em todo o país, as últimas contagens do ministério do interior revelaram 58 agentes da polícia e 48 civis ficaram feridos na sequência dos confrontos.
o el mundo titulava com a
expressão «batalha campal» o artigo que dedica aos confrontos na cidade catalã,
ao dar conta de um episódio no paseo de gràcia, uma das principais ruas da cidade, onde um grupo de
manifestantes terá atacado quatro polícias à paisana para libertarem um jovem
que tinha sido detido pouco antes pelos agentes.
em bilbao, o abc dá conta de um polícia que ficou ferido após ser alvo das pedras que foram lançadas por vários manifestantes. na cidade de vitoria, também no país basco, um homem foi detido após lançar pedras e petardos contra agentes da força policial que controlava as manifestações.
em pamplona, capital da província de navarra, nove polícias ficaram feridos e pelo menos um teve que ser transportado para o hospital para receber tratamento.
(artigo actualizado às 19h53.)