Do dia da greve, Barcelona assistiu a ‘violência por diversão’

Assente que está alguma da poeira de protesto que durante o dia de ontem, quinta-feira, foi levantada um pouco por toda a Espanha, começaram a surgir os números que têm dissecado a sétima greve geral da história da democracia do país. Os sindicatos lançam que mais de 10 milhões de pessoas terão aderido à greve,…

ao final do dia de ontem e ao longo desta sexta-feira, são várias as publicações espanholas que optaram por utilizar a expressão «batalha campal» para descrever os acontecimentos registados em barcelona, principal cidade e capital da catalunha.

fotogaleria: as imagens das manifestações, em dia de greve geral.

o ministério do interior espanhol avançou com 176 detenções registadas durante o dia de greve geral, das quais mais de 74 se concretizaram na província catalã. dessas 74, de acordo com o el mundo, até 54 pessoas foram detidas em barcelona, onde mais de 275 mil pessoas terão enchido as principais ruas do centro da cidade em protesto contra o pacote de medidas da nova reforma laboral adoptada pelo governo, liderado por mariano rajoy.

e, à medida que o dia de ontem ia avançando, as notícias que o iam acompanhando davam conta de um escalar de violência nas ruas da principal cidade catalã, onde foram queimados quase 300 contentores de lixo, semáforos foram deitados ao chão e equipamentos de parquímetro foram destruídos.

já hoje, xavier trias, o alcaide de barcelona, citado pelo diário abc, estimou que os prejuízos para a cidade na ressaca da jornada de violência ultrapassassem o meio milhão de euros. o dirigente apontou críticas às cerca de 2 mil pessoas que as autoridades dizem ter enfrentado, e que fizeram «da violência um exercício». felip puig, um deputado do parlamento catalão, falou mesmo em «cerca de 300 a 400 pessoas praticavam a violência por diversão».

mais de 80 pessoas ficaram feridas na sequência dos confrontos, e quatro delas estão ainda num hospital de barcelona a receber tratamento.

mais de 10 milhões aderiram

no rescaldo da sétima greve da história da democracia espanhola – a anterior foi em setembro de 2010, ainda durante o executivo de josé luiz zapatero -, os dois principais sindicatos que a coordenaram, a ugt e o ccoo, adiantaram que «mais de 10.400.00 pessoas» aderiram à greve, como o económico la expansión sublinhou.

as duas forças sindicais estimaram ainda em 900 mil o número de pessoas que se repartiram pelas 111 manifestações que ontem se juntaram nas principais cidades espanholas. em madrid, a capital, terão sido mais de 275 mil, e em barcelona o número rondou as 170 mil pessoas.

mas, nas poucas reacções que até agora concedeu, o governo falou em ‘apenas’ 800 mil pessoas a manifestarem-se no país. de resto, o executivo fez saber que, aos seus olhos, a greve geral decorreu com «normalidade e tranquilidade», e que o seu impacto «foi muito moderado ao longo do dia», segundo o relatado pelo diário público, que ontem não actualizou o seu conteúdo pois a sua redacção decidiu apoiar a jornada da greve geral.

diogo.pombo@sol.pt