O Algarve não é só praia

Algarve, terra de vinho? E por que não? A existência de vinho nesta região remonta à presença árabe no sul da Península Ibérica e a sua importância chegou a ser decisiva num período negro para a região vitivinícola do Douro, cujas vinhas foram gravemente atacadas pela filoxera, levando muita gente à miséria.

nessa época, o algarve forneceu milhares de hectolitros ao douro e ajudou, de certo modo, a mitigar a crise. mas tudo se foi perdendo. primeiro, pelo desconhecimento e pela ganância. os produtores apoiavam-se apenas nas castas típicas da região como a negra mole e a periquita, o que resultou em vinhos muito alcoólicos e com poucos taninos, destinados a serem consumidos no momento. era o domínio da quantidade sobre a qualidade. depois, em meados do século xx, as vinhas nas areias do litoral foram sendo arrancadas para dar lugar à exploração turística. a produção entrou em queda livre.

no entanto, a pouco e pouco, o cenário tem vindo a mudar. com um clima quente, mas ameno no verão – óptimo para a maduração lenta das uvas – e beneficiando da barreira montanhosa de monchique para ‘domar’ os ventos do norte, o algarve tem condições para oferecer bons vinhos. como sinais da mudança começaram por aparecer as denominações de origem controlada (doc) de lagoa, lagos, portimão e tavira. e foi surgindo, aqui e ali, um importante grupo de produtores privados que apostaram em novas castas, que hoje fazem sucesso, como a touriga nacional. mudaram-se mentalidades e processos e apostou-se na qualidade.

é esta nova realidade que o grupo tivoli hotels & resorts traz a público, entre 3 e 9 de abril, nas suas unidades algarvias, celebrando o algarve wine festival. hoje, deixamos aqui o foral de portimão colheita seleccionada 2009, da quinta da penina, que tem 14% de teor alcoólico e apresenta aromas de baunilha e fruta vermelha madura. encorpado e aveludado tem um final de boca arredondado por taninos suaves. fizeram-se 20 mil garrafas.

jmoroso@netcabo.pt