agora, foi o vez de o coreógrafo e bailarino pichet klunchun, o mais destacado e internacional bailarino tailandês da sua geração, se ter inspirado na danse siamoise para a sua mais recente criação, nijinsky siam, que, depois de ter estado nos palcos de nova iorque, singapura, zurique e lubliana, chega agora a lisboa, ao ccb, a 12 e 13 de abril.
com quatro bailarinos em palco (entre eles o próprio pichet klunchun), são aqui recordados os movimentos do bailarino russo feitos há 102 anos. e, por trás dos bailarinos, é possível ver, numa tela gigante, jogos de sombra e diversas fotografias de danse siamoise, interpretada por nijinsky. será, também, apresentada alguma informção histórica sobre a thai dance trupe, a mesma que esteve na origem de todo o espectáculo.
em palco misturam-se três vozes distintas, num diálogo improvável: a de pichet klunchun, a da dança clássica tailandesa e a de nijinsky.
«no início do processo, planeava pôr em palco as coreografias que foram apresentadas originalmente, e que foram a inspiração de fokine para fazer danse siamoise», explicou ao sol, por e-mail, pichet klunchun. «no entanto, mais tarde, depois de ter começado a trabalhar na produção [do espectáculo], fiquei cada vez mais interessado no que fokine terá visto na dança clássica tailandesa e em como nijinsky adaptou o seu corpo e movimento para trabalhar com ela».
foi então que o coréografo tailandês começou a estudar as fotografias de nijinsky em dance siamoise e, assegura, a partir dessas imagens conseguiu criar movimentos. no entanto, admite, «há centenas de maneiras de criar movimentos a partir dessas fotografias». os seus não estão certos ou errados. são possibilidades.
aliás, o criador é peremptório: «nijinsky siam não é uma recriação do movimento de nijinsky, mas a apresentação do verdadeiro significado e linguagem da dança clássica tailandesa que fokine e nijinsky usaram em danse siamoise».
com um século a separá-los, é grande a semelhança entre os dois bailarinos. o nome da coreografia não poderia, aliás, ser mais premonitório: há, entre os dois, como que uma dança siamesa. ambos misturam no seu movimento técnicas de dança clássica tailandesa e de dança ocidental, embora em diferentes porporções.
nunca poderemos ver nijinsky actuar. podemos, porém, ver pichet. e, com ele, o passado transposto para a contemporaneidade, numa história sempre actual.
[youtube:t2vgbypo8yc]