Mais canais na TDT ‘aumentam emprego’

A alteração à lei da televisão prevista para este ano irá permitir a venda de um dos canais da RTP e a emissão do Canal Parlamento numa das frequências disponibilizadas pela Televisão Digital Terrestre (TDT), afirmou o ministro Miguel Relvas, esta semana.

mas, para nuno bernardo, director da agência para o desenvolvimento das indústrias criativas (addict), a emissão do canal parlamento em sinal aberto «parece mais uma solução de curto prazo para mostrar que afinal a tdt não tem apenas os quatro canais que já tinha» no sistema analógico.

a associação – que integra a rtp, o jornal público, a ordem dos arquitectos, a empresa de tecnologia ydreams, a fundação de serralves e universidades ligadas à formação para a indústria do audiovisual – considera que mais canais nacionais na oferta da tdt poderiam «impulsionar» o sector da produção independente, com consequente «aumento do emprego, do volume de negócios e da exportação de conteúdos». e, de acordo com nuno bernardo, o canal parlamento «em nada vem impulsionar o sector», nem «satisfazer a população relativamente ao processo de transição para o sistema digital de tv».

para o director da addict, faria sentido haver um canal de documentários, outro de programas infanto-juvenis – com conteúdos nacionais produzidos por empresas nacionais – e canais como o porto canal, o canal q e a sic radical. «em muitos países, os operadores colocam um dos seus canais na tdt para promoverem os canais complementares, recuperando este investimento em receitas publicitárias adicionais».

a passagem do sistema analógico para a tdt teve início a 12 de janeiro e o apagão final está previsto para 26 de abril. nessa data, o norte e interior do país passarão a necessitar de um descodificador ou de uma antena para captar o sinal por satélite para ver televisão – à semelhança do que já acontece no resto do território continental e nas ilhas. isto se a população não tiver aderido a um pacote de pay tv.

a tdt abre espaço para cerca de 50 novos canais em sinal aberto, mas até agora – e apesar de o processo de migração ter começado em testes em maio de 2011 – apenas quatro estão disponíveis. este facto leva nuno bernardo a dizer que com a tdt, tal como está hoje, «perdem as populações, a economia e o país, que tinha uma oportunidade de ouro de impulsionar a mais importante das indústrias do futuro – a dos conteúdos digitais».

francisca.seabra@sol.pt

*com margarida davim