Portugueses mais vulneráveis ao tráfico de seres humanos

Portugal promove, pela primeira vez, uma campanha contra o tráfico de seres humanos. Depois da recente polémica causada por declarações de governantes que davam a entender que a emigração é a única alternativa para muitos portugueses, o Governo mostra-se preocupado com a exploração laboral – o motivo de tráfico de pessoas que mais afecta a…

ao sol, a secretária de estado da igualdade, teresa morais, alerta para que «o tráfico de pessoas, a nível mundial, movimenta milhões de dólares e milhões de pessoas, tanto como o negócio de armas ou de drogas». a campanha, que hoje arranca, está inserida num movimento de sensibilização para este problema lançado em 2009 pelas nações unidas – o blue heart.

em portugal, é dirigida sobretudo às pessoas que desejam emigrar atraídas por empregos fáceis. «a forma de aliciamento mais utilizada é a promessa de trabalho. se oferecem um excelente salário, alojamento grátis e dão poucas informações, tenha cuidado, é esta a mensagem», explica. «em contextos críticos, em alturas de crise, como esta, é uma fórmula muito utilizada».

em todo o mundo, estima-se que haja 2,4 milhões de pessoas traficadas em cada ano. a maioria são mulheres, sujeitas a exploração sexual.

os números oficiais em portugal, que «revelam apenas a ponta do icebergue», apontam 71 casos em 2011, a maior parte homens. «nestes casos, as estatísticas são muito imperfeitas», explica teresa morais, sublinhando que existem muitos casos de lenocínio e auxílio à imigração ilegal que, no fundo, mascaram crimes mais complexos de tipificar (e de conseguir condenações) como o tráfico de seres humanos.

«é preciso aumentar a visibilidade do tráfico humano e sensibilizar as pessoas», acrescenta, referindo-se tanto aos público-alvo, como aos próprios polícias e magistrados.

helena.pereira@sol.pt