A batalha de ‘leões’ que se decidirá numa Catedral

As letras portuguesas que este ano se têm escrito na Europa jogam hoje o seu futuro numa ‘Catedral’, a mítica de San Mamés, nome conferido ao estádio do Atlético de Bilbau onde o Sporting entrará esta noite para disputar o acesso à final da Liga Europa. Desde Lisboa, os ‘leões’ de Sá Pinto levam uma…

em campo (20h05, sic) vai estar a hipótese de acrescentar mais uma página de história, mas que só uma equipa escreverá com palavras de sucesso.

o sporting luta para alcançar a sua terceira final europeia, sete anos depois de cair no seu próprio estádio diante de uns russos de moscovo que foram a lisboa ‘roubar’ uma conquista aos ‘leões’. antes, em 1964, um canto directo de morais dera a taça das taças que ainda figura como a única prova europeia conquistada pelo sporting.

os bascos, por seu turno, buscam uma ‘remontada’ – termo espanhol para reviravolta -, para regressarem à final de uma competição que também perderam em 1977, para os italianos da juventus, quando a segunda prova europeia mais importante ao nível de clubes ainda se chamava taça uefa.

antes do futebol jogado no relvado, fala-se na estatística, e esta não é favorável ao ‘leões’ de ricardo sá pinto: o sporting nunca venceu qualquer encontro que tenha disputado em espanha.

desta história não dependem resultados, e a verdade é que os lisboetas não precisam necessariamente de uma vitória para seguir em frente, bastando um empate ou até uma derrota, desde que o sporting marque pelo menos dois golos na baliza que hoje será defendida por gorka iraizoz. 

a acompanhá-lo no relvado não estará oscar de marcos, médio volante que um cartão amarelo visto em alvalade tirou da partida de hoje em san mamés, à semelhança de marat izmailov, do lado do sporting.

marcelo bielsa, o ‘el loco’ treinador dos bascos, poderá suprir esta ausência fazendo regressar javi martínez – que não pôde jogar no encontro da primeira mão -, à sua posição de origem, no meio campo, retirando-o do eixo da defesa onde o campeão do mundo espanhol tem actuado durante toda a época, para dar mais posse e qualidade de passe à equipa desde trás.

porém, se quiser manter esta qualidade, o técnico argentino poderá antes desviar o pequeno iker munian da ala para o meio, para a frente de uma dupla de médios, promovendo depois a entrada do extremo ibai gómez no onze. qualquer que seja a decisão, o jogo dos bascos não deverá fugir ao que tem habituado os adeptos esta época: uma procura constante pelo domínio da posse de bola, com esta sempre pelo chão, constantes trocas posicionais e, acima de tudo, muita rapidez.

para sá pinto, a ausência de izmailov poderá ser aliviada pelo regresso de matías fernandez à titularidade para o lugar de médio mais avançado no centro do terreno, embora fique por saber quem jogará numa das alas. 

a escolha óbvia seria decidida entre jéffren, pereirinha ou carrillo, mas o treinador poderia até optar por deslocar o chileno para uma ala – como tantas vezes o fez domingos paciência -, de forma a poder incluir de início andré martins, jovem que tem rubricado boas exibições no meio campo leonino. porém, a apetência defensiva de bruno pereirinha, que ficou patente na partida em manchester, frente ao city, poderá fazer com que a preferência recaia sobre si.

em 1985, o último e único duelo entre os ‘leões’ bascos e lisboetas no san mamés terminou com a vitória do atlético (2-1). mas, nesse ano, foi o sporting que seguiu em frente ao vencer por três golos sem resposta no encontro da segunda mão, em lisboa, a contar para a terceira eliminatória da taça uefa.

hoje joga-se o derradeiro encontro que dará acesso à final, e ganhará a equipa que mais alto rugir na catedral que se ergue no centro de bilbau. do lado dos bascos vai estar um coro de 35 mil vozes que promete não se calar no apoio à sua equipa. 

ao sporting, pede-se o que sá pinto tem passado da sua alcunha para a equipa: um ‘coração de leão’. a final está a 90 minutos.

diogo.pombo@sol.pt