«nos últimos tempos, é muito difícil fazer jornalismo de investigação em portugal. a classe política sempre teve a tentação de interferir na comunicação social, mas nunca como agora», frisou a repórter felícia cabrita. «a nova técnica é a acção cível, que representa um saque aos bolso de um jornal», acrescentou a jornalista do sol, em alusão à providência cautelar que foi movida ao semanário por rui pedro soares, para tentar impedir que o jornal publicasse mais transcrições de escutas, obtidas no âmbito do processo face oculta.
as declarações foram feitas durante a tertúlia ‘jornalismo de investigação’, uma iniciativa do sol, na qual participaram também os jornalistas joaquim vieira e sandra felgueiras. o encontro decorreu esta semana, no restaurante oito dezoito, em lisboa.
durante a tertúlia, moderada pela jornalista do sol francisca seabra, os participantes foram unânimes em considerar a persistência, paciência, coragem e honestidade intelectual como qualidades essenciais para se ser um bom jornalista de investigação.
no entanto, sublinharam os intervenientes, estes não são tempos fáceis para o jornalismo, não só devido às tentativas de condicionamento por parte do poder político, mas também devido aos constrangimentos financeiros.
«não tenho tido todas as reportagens que quero porque não tenho orçamento para isso; mas não deixo de fazer as reportagens. se não posso ir ao havai, vou à costa da caparica», ilustrou sandra felgueiras, apresentadora do programa sexta às 9, da rtp. joaquim vieira indicou que há, neste tipo de jornalismo, «um heroísmo romântico» e que «quem está na investigação é natural sentir pressões».
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