escrevi aqui, na passada semana, que nicolas sarkozy poderia ganhar balanço se ficasse à frente na primeira volta. não conseguiu, mas ficou muito perto disso. de qualquer modo, pelo que se ouviu, nunca um presidente francês tinha ficado em segundo lugar na primeira volta de umas eleições.
a esquerda propriamente dita não se saiu muito bem. somando os votos de françois hollande, jean-luc mélenchon, eva joly e outros candidatos com menores votações, são pouco mais de 40%.
quanto a sarkozy , pouco mais tem do que os seus votos, cerca de 27%.
françois bayrou vai decidir a 3 de maio – e os seus 9% são, sem dúvida, importantes.
mas o ‘grosso da maquia’ está, sem dúvida, nos que votaram em marine le pen. a sensação que se tem é a de que todos os outros são anti-sarkozy.
mesmo que dois terços dos eleitores da frente nacional votem no actual presidente, ficará com 40%. terá de ir buscar todos os que votaram em bayrou e em dupont-aignan (cerca de 1%). é muito difícil.
impossível? não! sarkozy é mais dinâmico, é mais duro. se houver debates… mas custa-me a crer que haja mais do que um. embora fosse razoável que os dois pudessem debater duas vezes: uma sobre temas políticos, outra sobre temas económicos.
a questão está na possibilidade de o ainda presidente conseguir quebrar o principal elo que une os que votaram noutros: a antipatia, a animosidade, mesmo a aversão que neles suscita. e uma semana e meia é muito pouco para isso.
2. que opinião tem sobre a polémica das nomeações de saragoça da mata e conde rodrigues para o tribunal constitucional?
há 30 anos, foi decidido o método de escolha dos juízes do tribunal constitucional. logo nessa altura houve quem se insurgisse contra o facto de se entregar aos partidos políticos a escolha de uma parte dos seus membros. mas foi assim. e assim tem sido ao longo destas décadas. com umas escolhas melhores, outras piores. mas o método ganhou aceitação e deixou de ser discutido.
agora, com os portugueses com os nervos à ‘flor da pele’, tudo parece mal. não conheço nenhum dos propostos. mas saragoça da mata é tido como um jurista capaz, com saber e com trabalho conhecido. conde rodrigues foi secretário de estado da justiça. alguém o contestou na altura? e, se tinha condições para ser governante da área, não pode ser juiz do tribunal?
claro que podíamos ter candidatos com melhor currículo. mas isso, meus mmigos, coloca-se cada vez mais em muitas áreas da sociedade portuguesa. esta é especial? são todas. do que não gosto nada é deste modo de ‘arrasar’ pessoas na praça pública.
3. este ano vai comemorar o 25 de abril? como?
celebrar o 25 de abril, este ano, é agradecer ao meu pai o que me ensinou sobre o valor da liberdade. é lembrar quantas vezes me disse que é muito importante sermos capazes de nos colocarmos no lugar do próximo. é ter presente que ser livre é ser tolerante. quantas vezes me deu o exemplo de fernão capelo gaivota: pode-se gostar de voar sozinho, mas temos de saber sempre a que ‘bando’ pertencemos.
este ano, celebrar o 25 de abril é evocar miguel portas, a sua marcada identidade, a sua educação e o seu respeito pela diferença. um homem inteligente, insubmisso. um ser humano livre. este ano celebrar o 25 de abril é dirigir uma respeitosa saudação a helena sacadura cabral e a nuno portas, pais do miguel e do paulo, tão irmãos e tão diferentes. este ano, celebrar o 25 de abril é rezar para que todos os que sofrem tenham fé. tantos que sofremos nestes tempos duros: uns por saudade de quem partiu, outros por privações de vária ordem.
este ano, celebrar o 25 de abril é ser especialmente solidário e, sempre, acreditar em portugal.