Alegado apoio de Kadhafi volta a assombrar Sarkozy

A notícia que há cinco dias abalou a corrida ao Eliseu voltou causar eco nas presidenciais em França. Esta quinta-feira, o antigo primeiro-ministro de Muammar Kadhafi na Líbia, Badhdadi al-Mahmoudi, confirmou que o regime financiou com 50 milhões de euros a primeira campanha de Nicolas Sarkozy, em 2007.

a 28 de abril, a corrida às presidenciais francesas tinha
sido abalada com uma notícia ligada ao recandidato nicolas sarkozy. com base
num documento escrito em árabe que lhe fora entregue «por um alto dignitário do
regime», a mediapart, um site francês de informação, revelou que o regime líbio
financiara a primeira candidatura de sarkozy ao eliseu.

o ainda presidente gaulês, porém, sempre desmentiu a notícia, que não tardou a espalhar um frenesim pela imprensa do país, em plena campanha
presidencial que, agora, está a culminar no frente-a-frente entre o conservador
sarkozy e o socialista françois hollande.

e, esta quinta-feira, al-mahmoudi, antigo primeiro-ministro
líbio, confirmou através do seu advogado, bechir essid, a existência do documento que a mediapart avançara no final de abril.

«confirmo que existe um documento assinado por moussa koussa
[ex-ministro do negócios estrangeiros do regime de kadhafi] e que o
financiamento foi recebido pelo senhor sarkozy», terá dito al-mahmoudi, que se
encontra actualmente detido numa prisão na tunísia. «participámos [no seu]
sucesso», sublinhou ainda.

as palavras do antigo primeiro-ministro não cessaram por
aqui. sempre por via do seu advogado, al-mahmoudi queixou-se ainda da
«ingratidão» de nicolas sarkozy, ao recordar que o líder francês «foi o primeiro a
enviar as tropas da nato para a líbia», referindo-se à operação das forças
internacionais que ajudou a depor o regime de muammar kadhafi, em outubro de
2011.

cnt desmente

no mesmo dia em que o alegado financiamento voltou a abalar
as presidenciais, o conselho nacional de transição (cnt) líbio, órgão que tomou
as rédeas do país após a queda de kadhafi, desmentiu que tal documento
tenha sequer existido.

em declarações ao le figaro, moustapha abdeljalil,
presidente do cnt, considerou o documento revelado pela mediapart como «falso e
fabricado», explicando que o conselho «não encontrou qualquer referência a esse
documento nos arquivos líbios».

resta aguardar pelas implicações que esta confirmação terá
na segunda volta das presidenciais, que ontem convergiram num frente-a-frente
televisivo entre sarkozy e hollande, e que terminarão nas urnas a 6 de maio.

por enquanto, as últimas sondagens mantém o candidato
socialista na dianteira da corrida, prevalecendo a ligeira vantagem que trouxe
já da primeira volta das votações onde, de acordo com o le monde, reuniu 28,73%
das preferências do eleitorado francês, contra os 27,18% de nicolas sarkozy.

diogo.pombo@sol.pt