‘Convinha lançar construção de hotel no CCB’

Segunda parte da entrevista de Vasco Graça Moura ao SOL. O presidente do CCB fala sobre as contas da instituição e fala na construção de um hotel naquela estrutura.

qual é o orçamento do ccb?

a dotação do estado anda à volta dos 13 milhões de euros por ano. dos quais cerca de 1 milhão e 300 mil têm a ver com a nossa prestação à fundação berardo. as receitas, que vêm da bilheteira, do aluguer de lojas e salas e de alguns patrocínios, não chegam aos 5 milhões.

já conhece o orçamento para 2013?

vamos ver. vamos ter de, rapidamente, substituir 36 varas de palco no grande auditório, o que custa cerca de 1 milhão de euros. é uma das coisas que surgem como necessidades inadiáveis. e convinha que nos lançássemos para a construção do hotel, no módulo 4 e 5, tal como estava previsto no projecto inicial e nunca chegou a ser feito.

isso está em que fase?

estamos calmamente a retomar esse projecto porque seria uma maneira de motivar muita gente em relação ao futuro. no tempo do meu antecesssor, mega ferreira, foram dados passos nesse sentido.

terá quantos quartos?

não sabemos , mas o edifício tem de se integrar neste complexo. não pode ser o empire state building.

no plano inicial estava previsto um terceiro auditório. não poderia aí fazer-se o espaço de exposições que o ccb perdeu quando foi aqui instalado o museu berardo?

não sabemos como vai evoluir a questão da colecção berardo. o governo já disse que o estado não vai comprar a colecção em 2016 e por isso o centro de exposições ficaria livre, nessa hipótese.

e aí o ccb recuperava o módulo 3…

é óbvio que gostaríamos de recuperar esse espaço, mas isso é uma discussão que não me cabe a mim fazer. numa situação de crise, se nós não pudermos fazer uma programação adequada, é mais útil social e culturalmente que a fundação berardo se mantenha ali.

a relação do governo com joe berardo tem sido atribulada. isso afectou a vizinhança entre o ccb  e o museu berardo?

temo-nos pautado por um espírito de cortesia e cooperação. não temos nada a ver com as decisões do governo sobre a colecção berardo.

disse que ia reunir com várias personalidades do sector, ligadas à arte à ciência…

já estive com o nuno carinhas, com o rui horta, com o jorge silva melo, com o maestro álvaro cassuto, com o fernando pinto do amaral, com o guilherme de oliveira martins… e estamos a desenvolver um trabalho que faculte ao público interessado ciclos com inscrição e frequência, como de história de portugal, literatura portuguesa ou camilo castelo branco, por exemplo. são fáceis de organizar, não custam muito dinheiro e poderão manter um público constante nas nossas salas mais pequenas.

vai continuar a haver um foco sobre a literatura?

sim, isso vou intensificar. fazendo alastrar à história e à escrita criativa.

rita.s.freire@sol.pttelma.miguel@sol.pt