Grécia: Nova Democracia na frente, esquerda e neo-nazis crescem

Os votos gregos afastaram-se do centro e diluíram-se pelos pólos do mapa político do país, e quem ficou a perder foram as facetas pró-austeridade. Apesar de ir liderando os resultados provisórios, a Nova Democracia (ND) junta-se ao PASOK nos partidos que mais votos perderam em relação a 2009, em contraste com a ascensão da SYRIZA,…

ainda decorriam as votações e uma jovem mãe grega já lançava o seu apelo à cnn: «temos que nos livrar deles de vez».

fotogaleria: as legislativas, os partidos e os seus líderes.

a mensagem era dirigida ao pasok e à nova democracia (nd), os dois principais partidos da política helénica a quem as primeiras sondagens atribuiam significativas perdas de votos em relação às últimas eleições, em 2009. a razão: a sua faceta pró-austeridade.

cerca de uma hora e meia após o fecho das urnas – às 17 horas portuguesas -, o diário ekathimerini começou a revelar os primeiros dados das sondagens que ao longo do dia foi realizando à boca das urnas espalhadas pela grécia.

e os resultados iniciais, embora provisórios e estimados, são esclarecedores: os dois partidos que negociaram com a ‘troika’ – fmi, ue e bce -, saíram a perder nas preferências do eleitorado grego.

as primeiras estimativas confirmam a necessidade de a grécia ter que recorrer a uma nova coligação para conseguir formar uma maioria parlamentar. 

com cerca de 42% de sufrágio já realizado, a nd surge na liderança com 20,21% dos votos, que se traduzem em 112 assentos no parlamento em atenas. o número torna obrigatórias as negociações para formar uma coligação que permita atingir uma maioria  – pelo menos 151 dos 300 lugares. em 2009, o partido reunira 33,5% da preferência do eleitorado.

pasok ultrapassado pela esquerda radical

os socialistas do pasok obtiveram para já uma fatia dos votos situada nos 13,95%, valor que dá 43 assentos parlamentares e que sublinha ainda a queda que já se perspectivava em relação a aos resultados de 2009, onde alcançara 43,9% dos votos.se tudo terminasse como está, uma coligação entre nd e pasok daria uma maioria parlamentar, com 155 lugares.

o partido não resistiu à imagem deixada em novembro de 2011, quando o então primeiro-ministro grego, george papandrou, apresentou a sua demissão face à contestação social que o país apontava contra a austeridade que o seu governo impunha, na tentativa de salvar a grécia da sua queda no buraco da crise.

o pasok não será sequer o segundo partido mais votado. as estimativas apontam que o syriza, uma coligação vista como a esquerda radical do país, com uma demarcada faceta anti-austeridade e anti-globalização, obtenha para já 15,94% dos votos, correspondentes a 49 lugares no hemiciclo grego.

a ascensão do syriza vai reunindo o maior destaque nos resultados já revelados. o valor por agora apontado representa mais do triplo dos votos verificados há três anos, quando mereceu apenas a confiança de 4,6%  do eleitorado.

comunistas crescem, neo-nazis estreiam-se

a ascensão do partido à esquerda da esfera política grega deverá render-lhe um significativo acréscimo de lugares no parlamento situado na praça sytagma, no centro de atenas.

parlamento onde também se vão sentar, pela primeira vez em quatro décadas, representantes do golden dawn – amanhecer dourado -, partido neo-nazi a quem os resultados vão dando 6,85% dos votos, o suficiente para sentarem 21 deputados.

à sua frente estará ainda o kke, partido comunista grego, que vai contabilizando 8,36% dos votos, exprimidos em 25 representantes no parlamento.

(notícia em actualização.)

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