a revelação foi feita esta semana pelo ministro da saúde, josé van-dúnem, que acrescentou que o acesso aos serviços de saúde subiu de 30%, em 2001, para 44%, em 2010, num país que perdeu, durante a guerra, 70% dos serviços da rede de saúde pública e cuja ‘batalha’ agora é recuperar o sistema.
sabermos que a vida – seja de que povo for – dura mais tempo é um ‘aconchego’ sentimental e a constatação de um progresso civilizacional. é, também, motivo para lembrar o trabalho feito. mas é, sobretudo, razão para pensar no muito que falta fazer para que se viva mais e, sobretudo, com mais qualidade de vida.
o papel do estado, na saúde, é indiscutível: cabe-lhe gerir o presente, planear o futuro e garantir que o sistema trata e protege, acima de tudo, os mais necessitados e que mais precisam de apoio para lhe aceder. um país sem bons serviços de saúde é um país que não olha pelos seus, que não garante o seu futuro. nesse aspecto, angola tem feito o seu caminho, paulatinamente, em mais uma das muitas reformas em curso – e cujos frutos não poderão surgir da noite para o dia, infelizmente.
mas a saúde é, também, uma das áreas onde público e privado podem e devem colaborar. a vários níveis: no levantamento dos equipamentos necessários, na implementação dos sistemas e tecnologias de diagnóstico e tratamento, e no acompanhamento e monitorização do trabalho feito em cada centro de saúde ou unidade hospitalar. mas público e privado podem, ainda, ter outra sinergia, que passa pelo reforço dos seguros de saúde.
um sistema de saúde público, num país onde os recursos sejam limitados – infelizmente, todos no mundo! – só pode ser funcional se se focar em servir quem mais precisa dele. esta é uma discussão muito actual na europa, onde, por força das circunstâncias, os estados que ontem garantiam que a saúde era um bem tendencialmente gratuito e universal, hoje, sem dinheiro, argumentam que deve ser pago por quem pode.
angola pode aprender com os erros dos outros e deve pôr os olhos na europa. o sistema de saúde deve focar-se nos mais carenciados – infelizmente a maioria, ainda, no país. e ‘empurrar’ para os seguros privados aqueles que, felizmente, podem pagá-los. pode parecer injusto, mas é mais injusto ainda que quem não pode pagar não tenha acesso ao sistema por este ser sobrecarregado por quem pode.