após a magra vitórias nas eleições de ontem, samaras tinha hoje recebido um mandato de karoulos papoulias, presidente grego, para formar uma coligação que permitisse alcançar uma maioria parlamentar e que sustentasse um novo governo no país.
mas, depois de uma tarde de negociações, o líder conservador afirmou não ter condições para formar uma coligação.
«fizemos tudo o que podíamos, mas foi impossível», confessou ao ekathimerini, antes de revelar que já devolveu o mandato ao presidente, que agora o deverá entregar a alexis tsipras, líder da coligação de esquerda do syriza com quem se reunirá amanhã às 12 horas portuguesas.
o partido terá assim três dias para alcançar um consenso que samaras demorou menos de um dia a falhar.
o primeiro não veio de tsipras
bastou uma reunião de 40 minutos no parlamento helénico, em
atenas, para o líder do syriza, com 16,78% dos votos, rejeitar por completo uma
eventual coligação com o nd, partido de antonis samaras que reuniu ontem
18,85% das preferências do eleitorado grego.
à saída do encontro entre os dois políticos, tsipras garantiu que a posição do líder conservador «está no lado oposto das
propostas alternativas de um governo de esquerda».
o homem forte da coligação – semelhante ao bloco de esquerda
português -, com demarcada faceta anti-austeridade, explicou à associated press
que «não pode haver um governo de salvação nacional, como [samaras] o chamou,
porque as suas assinaturas e compromissos para com o acordo de resgate não
constituem uma salvação mas antes uma tragédia para o povo e o país».
a polarização dos votos, que se afastaram do nd e dos
socialistas do pasok, partidos ao centro, e se distribuíram pelos pólos do mapa
político grego, leva a que agora seja improvável a constituição de um governo
de coligação, necessário para alcançar uma maioria no parlamento – pelo menos
151 mandatos, num total de 300.
graças à lei que estipula a atribuição automática de 50
assentos ao partido mais votado nas legislativas, os 18,85% de votos do nd
traduzem-se em 108 lugares no parlamento, algo que possibilita a eventual
reedição da coligação com o pasok, agora liderado por evangelos venizelos, que
sai das eleições como terceiro partido mais votado (13,18%) e com 41 mandatos.
sem coligação, haverá
novas eleições
porém, nem uma nova ‘união’ dos dois partidos vistos como pró-‘troika’
ou pró-austeridade será suficiente, pois ficará dois lugares aquém da almejada maioria, sendo
necessária a participação de uma terceira força política.
a solução poderia passar pelos gregos independentes, um
grupo de se ‘evadiu’ da nd e terminou na quarta posição com 10,60% dos votos e
33 mandatos parlamentares, mas as suas divergências com o partido de samaras deverão impedir uma eventual coligação.
o líder dos conservadores tem até quinta-feira para tentar
formar uma coligação. em caso de insucesso, o mandato passará para tsipras, a cara do segundo partido mais votado, que terá os seus respectivos três dias para
também tentar formar uma coligação. se falhar, será a vez do pasok de
venizelos.
caso nenhum dos três partidos alcance um consenso que
sustente uma coligação, então a grécia deverá voltar às urnas em junho.
a confirmar-se tal cenário, os gregos voltarão a ser chamados a votar sobre
o futuro político do país. resta saber se manterão a tendência, ontem
demonstrada, de retirar votos aos partidos do centro que negociaram com a ‘troika,’
para colocar a cruz do voto na caixa ao lado das soluções políticas
anti-austeridade.
(artigo actualizado às 20h16.)