Duelo de Atléticos em Bucareste

Bucareste vestida de ‘rojiblanco’ e invadida por espanhóis. A capital romena é hoje pintada pelo vermelho e branco, cores que vestem os dois Atléticos que disputam a final da Liga Europa, um de Madrid e outro de Bilbau. Em campo vão estar em disputa várias linhas de história por ser escritas, sendo apenas certo que…

tal e qual como há um ano, duas equipas do mesmo país vão
lutar (19h45, sic) pela final da segunda prova europeia mais importante ao
nível de clubes. em maio de 2011, um golo do hoje ‘colchonero’ falcão – alcunha
dada aos jogadores do atlético de madrid -, decidia a final contra o sporting
de braga, que na meia-final eliminara o benfica.

este ano, salvo a diferença de que tudo se passou com
equipas de ‘nuestros hermanos’, o percurso foi idêntico: nas meias-finais, os
madrilenos eliminaram o valência, outra equipa espanhola, garantindo o avanço
até à final, onde defronta agora o atlético de bilbau, equipa basca que
ultrapassou o sporting de ricardo sá pinto na ronda anterior.

raízes que se cruzam

mais do que uma final espanhola, pode-se falar da vincada
faceta basca que hoje entrará no relvado do estádio em bucareste.

além do atlético club de bilbau, a maior equipa da comunidade
autónoma do país basco, no norte de espanha, a história lembra que na génese
dos ‘colchoneros’ esteve um grupo de estudantes bascos, da província de
viscaya, que em 1093 quiserem erguer uma filial do seu clube na capital
espanhola.

assim nasceria o atlético club de madrid, que ao longo da
história viria a suplantar o seu homólogo de bilbao no número de títulos no
campeonato em espanha: nove conquistas contra oito, apesar de os bascos ganharem
em copas do rey, troféu que já venceram por 23 vezes face as apenas nove
vitórias dos ‘colchoneros’.

actualmente, porém, o clube da capital reclama ter a
terceira maior falange de adeptos por espanha, algo que seria natural face à
limitação auto-imposta pelo seu congénere basco, que se orgulha da sua natureza
restrita às ‘fronteiras’ do país basco. aliás, só jogadores com raízes
familiares bascas é que podem vestir a camisola do ‘athletic’, nome mais usual
que sai das gargantas dos adeptos.

comum é a importância que o decisivo encontro de hoje reúne
para ambas as equipas. diego simeone, antigo jogador dos ‘colchoneros’ que
regressou a meio da época para liderar a equipa a partir do banco de suplentes,
sublinhou ao as que «há muita gente em madrid que espera [pelo regresso] da
equipa com a taça», antes de realçar que os seus jogadores têm que encarar a
final «como se fosse a última das suas carreiras».

para falcão, porém, esta será a segunda seguida, e na equipa
ainda sobrevivem jogadores que disputaram a final da liga europa conquistada
pelos madrilenos em 2010: antónio lópez, álvaro domínguez e luis perea, embora
nenhuma deles deva hoje ser titular. tal como o português tiago, que há
dois anos já estava no plantel mas impossibilitado de disputar a final, por já ter alinhado pela juventus em provas europeias, e hoje não voltará a actuar por ter sido expulso na partida anterior, com o valência.

do lado dos bascos, marcelo ‘el loco’ bielsa conseguiu
conduzir, na sua primeira época, os bascos à sua segunda final europeia. em 1977,
perdeu a final da taça uefa precisamente para os ‘bianconeri’, mas volta agora
à partida decisiva com «sensações e emoções multiplicadas», como destacou o
treinador argentino, que quer «corresponder ao que esperam» da sua equipa.

lá dentro, os bascos
vencem

o encontro desta quarta-feira será o primeiro duelo entre as
duas equipas num palco europeu, onde o atlético de madrid espera traduzir a magra
superioridade que a estatística lhe dá nos confrontos nacionais frente aos rivais
bascos.

em 155 duelos por espanha, os ‘colchoneros’ venceram por 65
vezes, contra as 62 dos bascos, no meio de 28 empates.

esta época, a visita ao estádio de san mamés, em bilbau,
valeu à equipa da capital uma derrota por três golos sem resposta, que vingaram
depois no vicente calderón, em madrid, com uma vitória mais modesta, por 2-1.

hoje, o resultado poderá escrever mais do que uma página de
história. os ‘colchoneros’ podem vencer a sua segunda liga europa em dois anos,
os bascos a sua primeira, e falcão pode conquistar a competição
consecutivamente e, se marcar um golo, ser o melhor marcador da prova por duas
edições seguidas.

diogo.pombo@sol.pt