o falhanço das negociações promovidas por antonis samaras e
a sua nova democracia (nd) – o partido mais votado nas eleições legislativas de
domingo -, em reunir o consenso para formar uma coligação governativa,
fez com que ontem, terça-feira, o mandato passasse a estar nas mãos da esquerda radical de tsipras,
líder do segundo partido mais votado.
mas, a cada hora avançada hoje, parece que o syriza dá mais um passo rumo ao falhanço nas negociações com os restantes partidos, com
vista a um acordo que permita alcançar uma maioria no parlamento
do país, só possível uma vez garantidos, pelo menos, 151 assentos dos 300
disponíveis.
e o insucesso de tsipras já está mesmo a ser dado como certo
pela imprensa grega. evangelos venizelos, líder do terceiro partido mais votado
nas eleições de domingo, o pasok, terá dito ao ekathimerini que assumirá a
partir de amanhã as negociações para formar uma coligação.
«os gregos querem estabilidade, um governo que evite novas
eleições e mantenha a grécia no euro», defendeu, ao sair do encontro com tsipras, em jeito de resposta ao fim da
austeridade e do comprometimento ao acordo com a ‘troika’, condições evocadas ontem pelo syriza como essenciais para formar uma
coligação.
samaras foi ainda mais claro: «tsipras quer que eu retire o meu compromisso [com a ‘troika’], ele quer tirar a grécia do euro».tanto o líder conservador como venizelos, cara dos socialistas, já reiteraram por várias vezes a sua intenção de manter a grécia na zona euro.
além destes pontos, o líder do syriza terá também exigido a
venizelos e samaras que enviassem uma carta à comissão europeia (ce) de josé
manuel durão barroso, ao conselho europeu e ao bce, a informar que, face aos
cerca de 32% dos votos reunidos pelos dois partidos – nd e pasok -, os termos
do acordo com a ‘troika’ já não podiam vigorar no país.
os avisos alemães
além de suscitar protestos por parte da nd e do pasok – ontem, samaras tinha já acusado tsipras de colocar em risco a presença da grécia
na zona euro -, os dois partidos que assinaram o acordo com a ‘troika’ não
foram os únicos a lançar o alarme.
ao longo desta quarta-feira foram chegando avisos vindos da
alemanha, numa aparente sintonia orquestrada.
o primeiro chegou pela voz de guido
westerwell, ministro dos negócios estrangeiros: «se a grécia parar o seu
percurso reformista, não imagino as próximas tranches [de ajuda financeira da ‘troika’] a serem pagas».
depois, foi a vez de wolfgang schaeuble, ministro das
finanças, citado pelo the guardian, a atirar que «a maioria dos gregos querem
ficar no euro (…) mas temos que lhes tornar claro que, para que tal aconteça,
têm que cumprir as exigências de reforma do programa de ajuda».
as declarações lançaram dúvidas quanto ao pagamento da
próxima tranche do pacote de ajuda à grécia, agendado para amanhã, no valor de
5,2 mil milhões de euros.
dúvidas que saíram
ainda mais reforçadas quando o ekathimerini avançou com a alegada recusa de
angela merkel, chaceller alemã, e de françois hollande, recém-eleito presidente
francês, em se reunirem com alexis tsipras, o líder que ainda está encarregue
de conduzir as negociações para uma coligação governativa na grécia.
as próximas horas serão decisivas para o desfecho da segunda
tentativa, liderada pelo syriza, para erguer um governo no país. a europa está
atenta.