a reunião de hoje, que teve início às 17h30, hora portuguesa, era encarada como o último suspiro no esforço de alcançar um consenso na política grega. mas deste encontro saiu um outro, a realizar amanhã, e que já terá de novo a presença do syriza.
primeiro, o que hoje esteve em jogo. evangelos venizelos, dos socialistas do pasok, antonis samaras, da conservadora nd e fotis kouvelis, líder da esquerda democrática, reuniram com karoulous papoulias, presidente do país, num encontro que seria como a derradeira tentativa de encontrar uma solução que evitasse a realização de eleições antecipadas na grécia.
porventura confiando no que dissera kouvelis – que sempre dissera que só integraria uma coligação que contasse com o syriza, segundo partido mais votado nas legislativas -, alexis tsipras renunciou à reunião. «o syriza recusa ser um álibi de esquerda para um governo que irá manter as políticas que o povo rejeitou a 6 de maio», declarou, antes do encontro.
nova tentativa
perante a renúncia da coligação de esquerda e a sua insistência em contrariar o memorando assinado com a ‘troika’, uma coligação dificilmente seria erguida, face à manutenção da grécia na zona euro, condição fulcral para o pasok e a nd.
hoje, à saída da reunião com papoulias, todos os líderes anunciaram novo encontro, que ficou agendado para amanhã, às 12 horas portuguesas.
o kathimerini explica que a discussão centrar-se-á agora na possibilidade da formação de um governo composto por tecnocratas, algo que terá de possuir o aval de todos os partidos que receberam votos nas legislativas. assim, todos os líderes participarão no encontro de amanhã, à excepção de nikolaos michaloliakos, dos neo-nazis do amanhecer dourado.
tecnocratas ao poder?
um governo liderado por tecnocratas, leia-se, por figuras sem ligação à vida política, parece, numa primeira fase, não ser do agrado de todos.
fotis kouvelis, da esquerda democrática, citado pela versão inglesa do ekathimerini, manifestou de pronto a sua oposição. «isto é uma derrota da política, já registei a minha oposição», atirou, antes de sublinhar que o seu partido «mantém a sua proposta» pela formação de um governo ecuménico – composto por elementos de todos os partidos.
já venizelos foi claro ao revelar que a hipótese tecnocrata surgiu como um recurso de última hora para evitar novas eleições. «por necessidade, também apoiamos um governo de personalidade [tecnocratas]», manifestou, embora tenha reiterado que um executivo nesses moldes «precisaria do apoio do pasok, nd, esquerda democrática, syriza, gregos independentes e até dos comunistas».
a penúltima hipótese
confirmada a reunião de amanhã, começaram igualmente a surgir relatos de que, uma hora antes do encontro, o presidente helénico deverá reunir-se com panos kammenos, dos gregos independentes.
ao que tudo indica, papoulias deverá tentar junto do líder do quarto partido mais votado um acordo que ainda possa permitir uma coligação, graças aos 33 assentos parlamentares que reuniu, ao ser o quarto mais votado nas legislativas.
porém, o diário grego revelou, via twitter, que os gregos independentes terão delineado sete condições que querem ver cumpridas para integrar uma coligação, encaradas como «improváveis» de serem satisfeitas.
de lembrar também que o partido nasceu a partir de uma cisão com a nd, pelo que um acordo com os dois partidos envolvidos será sempre complicado.