sempre dei conta da pouca simpatia que me suscita a personalidade de sarkozy. mas tenho de reconhecer que ele conseguiu um grande resultado na 2.ª volta.
o resultado final foi de 48,56% para 51, 44%, ora todas as projecções apontavam para uma diferença muito maior. sarkozy recuperou bastante, apesar da ‘traição’ de françois bayrou e da abstenção defendida por marine le pen.
aliás, da minha parte, considerei que sarkozy não perdeu o debate. nem pouco mais ou menos! e terá sido aí que conseguiu marcar pontos para alguma recuperação.
nesse mesmo debate, curiosamente, françois hollande revelou-se mais irritadiço do que o ainda presidente… a arrogância que sarkozy sempre evidenciou esteve mais do lado de hollande: arrogância e altivez, mesmo soberba.
a vitória de hollande tem uma vantagem: ajuda a desdogmatizar as receitas europeias para vencer a crise. e dá uma importância reforçada ao vector do crescimento. agora:
– idade de reforma aos 60 anos?
– dezenas de milhares de novos professores?
– mais despesa pública?
há, nisto tudo, um grande irrealismo do presidente eleito. renegociar o tratado? talvez consiga uma adenda, inspirado na proposta dos socialistas portugueses.
françois hollande tem várias batalhas na frente externa. mas na frente interna tem o combate essencial das legislativas de junho. é natural que a esquerda beneficie do ‘estado de graça’ das presidenciais. mas, se sarkozy não tivesse renunciado a intervir (e se o fizesse com o tom e a expressão mais humilde que mostrou na aceitação da derrota), não sei…
2. as promessas de hollande em matéria de crescimento são realistas? ou são perigosas por semearem falsas ilusões?
não penso que a vitória de hollande ponha em risco a estabilidade europeia. no imediato, as autoridades da união europeia sentir-se-ão até mais à vontade para agir. é sabido como durão barroso, sobretudo ele, tem preconizado caminhos diferentes dos defendidos pela ex-dupla merkel/sarkozy
com a eleição de hollande, a comissão europeia e o conselho europeu poderão sentir espaço político para retomarem as propostas até aqui congeladas. os eurobonds são um exemplo disso. não escondo, todavia, que vai ser difícil encontrar um compromisso. e aí, se a situação ficar bloqueada, pode ser complicado ultrapassar o eventual impasse. o que se passou na holanda, com o governo a demitir-se, num país que é normalmente um dos pilares da ortodoxia financeira da união, joga a favor dos ventos que sopram no sentido de alguma revisão de políticas.
3. o que acha da promoção do pingo doce? julga que houve intenção política?
não considero, de todo em todo, a jogada de marketing do pingo doce uma atitude com objectivos políticos. os objectivos foram de promoção, de lucro. seguramente que não estava nos objectivos dos responsáveis do pingo doce darem ao país o quadro compungente a que todos pudemos assistir.
4. pensa que o fc porto é um justo campeão ou foi ungido com a água benta dos árbitros em alturas decisivas?
em minha opinião, o fc porto merece ser campeão, o benfica merece ser segundo, o sp. braga merece ser terceiro… quanto ao sporting, não consigo dizer que merece ser quarto…
de arbitragens não falo. os árbitros enganam-se? claro que sim! mas o fc porto não ultrapassou o benfica por causa dos árbitros. em minha opinião, nem foi por especial mérito do campeão nacional. foi o benfica ‘que se foi abaixo das canetas’. depois do jogo com o zenit, o benfica deu um grande estoiro físico. se tivesse continuado a jogar da mesma maneira, continuava a ganhar jogos por mais do que um golo de diferença e não discutia golo a golo, jogo a jogo, lance a lance. dizer-se quando se ganha que a vitória é sempre justa e quando se perde que os outros não ganharam com mérito, não faz sentido nenhum. é como os políticos que discordam de todas as propostas dos adversários.
sabendo o que aconteceu com o sporting nessa matéria, nas primeiras jornadas, quero o meu clube longe dessas guerras. parabéns a quem ganhou – e para o ano é que é…