esta terça-feira, a capital alemã acolheu o primeiro encontro oficial franco-germânico, entre os líderes das duas maiores economias europeias.
na antecâmara do encontro, o destaque recaiu sobre as divergências entre hollande e merkel, sobre o pacto orçamental europeu, que foram pavimentando o caminho para o encontro.
um caminho que teve de contornar um obstáculo. depois de, oficialmente, ter tomado posse como o novo líder francês no eliseu, o avião que levava hollande para berlim teve que aterrar de emergência pouco depois de ter descolado, após ter sido atingido por um raio.
grécia, o tema inevitável
antes da tomada de posse de hollande no eliseu e do seu encontro com merkel, esta terça-feira tinha já sido inundada pelas notícias da confirmação de novas legislativas na grécia, após a ausência de um acordo, ao fim de 10 dias de negociações, por parte dos líderes dos partidos que tinham saído das eleições com assentos parlamentares.
e, já diante dos jornalistas, hollande e merkel seguiram a mesma linha nas suas declarações sobre a ‘tragédia’ que assola a política helénica.
«queremos que a grécia fique na zona euro», garantiu a chanceller. citada pelo le monde, a líder germânica afirmou que tanto a frança com a alemanha «estão conscientes da sua responsabilidade».
«tínhamos que falar sobre a grécia», confessou hollande, antes de revelar que «espera dizer aos gregos que a europa está pronta para criar medidas que ajudem ao crescimento e apoiem a actividade económica, para que haja um regresso ao crescimento na grécia».
divergências reconhecidas
depois da sua reunião, os líderes encaminharam-se para a primeira conferência de imprensa que protagonizaram em conjunto. sem desenvolvimentos de registo na agenda política, tanto merkel como hollande falaram abertamente das suas diferenças.
a chanceller alemã tentou, primeiro, minimizá-las. «na praça pública, vêem-se mais divergências do que as que realmente existem», disse, citada pelo diário le figaro.
a mesma toada foi tomada por hollande: «a par das nossas diferenças, quero dar uma imagem de confiança, coerência e continuidade da história». uma história que já ultrapassou os 60 anos de cooperação franco-germânica – remonta aos primeiros passos da ue, com a criação da comunidade europeia do carvão e aço (ceca), em 1951 -, e que o presidente francês espera que continue assente «na vontade em trabalharem juntos».
françois hollande enfatizou de novo o «dever comum» de frança e alemanha em «fazer avançar a europa e de responder aos grandes desafios do mundo».
merkel, por seu lado, retorquiu com a «linguagem universal, para procurar soluções», ao ser questionada sobre a língua em que se tinha pautado o encontro com o seu homólogo gaulês. neste primeira encontro, ambos acabaram por se expressar nas suas próprias línguas, coadjuvados pela presença de tradutores.
o pacto orçamental, a luta de hollande
tinha sido uma das suas bandeiras durante a campanha presidencial: renegociar o pacto orçamental europeu, acordado pelo seu antecessor, sarkozy, e por merkel, que visa impor uma disciplina às economias europeias por via de um tecto de 3% para o défice de cada país.
em berlim, ficaram sinais de que, afinal de contas, há margem de discussão para o desejo do presidente gaulês. «todas as ideias e proposta serão colocadas em cima da mesa no conselho europeu», agendado para 23 de maio, revelou hollande.
a própria angela merkel sublinhou «os pontos de acordo» que partilha com o líder socialista do eliseu sobre políticas de crescimento.
as declarações da chanceller ter-se-ão referido à possibilidade de criar um documento paralelo ao pacto, embora tenha ressalvado que o crescimento «é um conceito geral» que pode ser entendido e aplicado através de diversos tipos de medidas.
a linguagem gestual
durante os cincos anos em que coabitaram na liderança política europeia, tanto angela merkel como nicolas sarkozy, o empossado presidente francês, era uma constante a análise à linguagem gestual de ambos aquando das reuniões entre si.
hoje, esta análise voltou a ser feita pelo the guardian. o destaque recaiu sobre o momento em merkel teve que colocar hollande ao seu lado correcto, quando os dois caminhavam sobre uma passadeira vermelha, em berlim, perante centenas de jornalistas, após o líder gaulês se ter atravessado, inadvertidamente, no seu caminho.
de resto, o diário britânico frisou que a postura de ambos foi «cordial, mas estranha».
(notícia em actualizada às 22h16.)