o ponto mais baixo da recessão terá ocorrido no último trimestre do ano passado, depois de o produto interno bruto (pib) ter contraído 2,9% face ao período homólogo de 2010. segundo dados publicados pelo instituto nacional de estatística (ine), a recessão em portugal está abrandar. nos primeiros três meses deste ano, a economia caiu 2,2% em termos homólogos, uma queda menos acentuada do que o previsto pelos economistas (o bpi, por exemplo, estimava uma contracção de 3,2% neste período).
assim, a fase mais ‘negra’ da actual crise aconteceu no semestre de outubro de 2011 a março deste ano. neste período, a economia terá contraído um acumulado de 5%, a reflectir o efeito do anúncio das medidas de austeridade do orçamento do estado para 2012, a restrição do crédito e os receios com a deterioração da crise do euro, que levaram empresas e famílias a corrigir os seus orçamentos.
«o pior já terá passado», diz paula carvalho, economista do bpi. semelhante opinião tem joão césar das neves. «a economia já não está em queda abrupta e existem sinais de que há uma desaceleração da recessão», refere o economista e docente da universidade católica.
confiança sai dos mínimos
os dados mais recentes dos indicadores da economia lusa estão a descolar dos mínimos históricos, atingidos no final do ano, e sinalizam que empresas e famílias estão cada vez menos pessimistas.
em abril, o indicador de clima económico subiu pelo terceiro mês consecutivo e o de sentimento económico pelo sexto mês em cadeia. estes reflectem as expectativas futuras de empresas e famílias face à evolução da economia. atendência é extensível a ainda todos os agregados desde os consumidores à indústria ou comércio. a confiança dos consumidores está a subir desde janeiro, enquanto a da indústria e comércio está em alta há quatro e três meses, respectivamente.
os dados de confiança e sentimento sinalizam que a economia deverá iniciar um período de ligeira recuperação já a partir do segundo trimestre deste ano. a comissão europeia estima, aliás, que o pib contraia mais dois trimestres até estagnar nos últimos três meses de 2012. se este cenário se confirmar, a economia portuguesa terá atravessado a mais longa recessão da democracia, com um total de sete trimestres consecutivos de queda do pib.
ainda há riscos no caminho
além da recuperação dos principais indicadores, também as exportações – o único motor de crescimento da economia – têm dado boas notícias. segundo dados do ine, as vendas ao exterior, em janeiro e fevereiro, cresceram a uma média de 13% face ao período homólogo, com forte contributo dos produtos energéticos e material de transporte.
ambos os economistas concordam que ainda é cedo para grandes comemorações. são necessários mais dados para perceber se os indicadores da retoma são sustentáveis e, sobretudo, porque os riscos internos e externos continuam elevados: a evolução da crise do euro, a deterioração da situação em espanha, os preços do petróleo ou o desemprego recorde são alguns dos maiores perigos.