este pequeno excerto do poema ‘regresso ao lar’, de guerra junqueiro, leva-nos até às quintas que o pai do poeta, josé junqueiro júnior, adquiriu em meados do século xix em freixo de espada à cinta, no douro superior, e cuja maioria ainda se encontra na posse dos seus descendentes directos.
é nesta actividade familiar com mais de 150 anos que vamos encontrar a quinta de maritávora, com os responsáveis a optar por uma pequena produção (50 mil garrafas/ano), vinificando apenas a produção própria e fazendo prevalecer a qualidade dentro de uma filosofia bem precisa: a manutenção do carácter de quinta.
em 14 hectares de solo xistoso e a uma altitude média de 500 metros – e apostando na defesa das castas autóctones do douro –, foram plantados 30% de tinta roriz, 30% de touriga franca, 30% de touriga nacional, 5% de tinta cão e 5% de outras castas tintas. já nas brancas, vamos encontrar códega do larinho, rabigato e viosinho. de destacar que uma velha vinha de castas brancas plantada por josé junqueiro júnior em finais do século xix permanece em produção, dando origem ao maritávora reserva branco. e se guerra junqueiro bebeu do néctar destas vinhas, a nós cabe-nos agora falar de dois produtos mais recentes.
o maritávora douro branco 2009 é proveniente de vinhas com idades entre 20 e 50 anos, tem um aroma a fruta cítrica, é macio na boca e apresenta bom corpo. com 13% de teor alcoólico, pode servir de refrescante aperitivo e acompanhar peixes e carnes brancas. o maritávora douro tinto 2008 teve 40% das uvas vinificadas em lagar de pedra com pisa a pé e estagiou 16 meses em barricas de carvalho francês. é um vinho encorpado, mas elegante, revelando fruta madura e com um bom fim de boca. com um teor alcoólico de 14%, revela-se mais indicado para grelhados.
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