Jantar informal para discutir ‘eurobonds’

Os líderes dos 27 países da UE reúnem-se esta noite em Berlim, capital alemã, num encontro veiculado como informal, mas onde serão atirados para a mesa de negociações assuntos fulcrais na agenda europeia: a crise na Grécia, o crescimento económico e, o que tem ganho notoriedade desde 6 de Maio, os ‘eurobonds’.

nesse dia, um novo homem chegou à cadeira presidencial
francesa. françois hollande ganhou a corrida a nicolas sarkozy, e tornou-se no
novo homem forte do eliseu. ainda durante a sua campanha, o socialista fez dos ‘eurobonds’
uma das suas principais cartas, e deverá atirá-la hoje à noite para o centro da
conversa com os restantes líderes europeus.

porém, o líder gaulês sabe de antemão que enfrentará a firme
oposição da alemanha, já confirmada até por angela merkel, a chanceller
germânica, numa posição partilhada pela holanda e pela áustria.

na base desta oposição está a própria ideia e conceito dos ‘eurobonds’
que, traduzidos literalmente, significam títulos de dívida europeus.

no fundo, os ‘eurobonds’ preconizam uma partilha de títulos
de dívida, uma emissão comum de dívida pública pelos 17 países que integram a
zona euro, de modo a baixar as taxas de juro para um nível que seja comum a
todas as economias.

ora, este princípio favorece as nações com as taxas mais
elevadas, como portugal, grécia e itália, por exemplo, todos com taxas de juros
a 10 anos superiores a 5%, que assim as taxas a serem reduzidas, pois seriam
niveladas com as que países como a alemanha, com 1,6% (a mais baixa taxa de
juro de sempre para o país), e a frança, com 2,8%, como explicou o le monde.

a ideia visa proteger as economias mais frágeis do assédio e
especulação dos mercados, contribuindo para que, no futuro, tivessem que pagar
menos juros pelos empréstimos que, por estes dias, vão contraindo para lutar
contra a crise financeira.

porém, os ‘eurobonds’ implicariam que os países com
economias mais fortes passassem a pagar taxas de juro mais elevadas. no fundo,
trata-se de ajudar os ‘pobres’ um pouco em detrimento dos ‘ricos’ da europa.

a par desta ideia principal, pela voz dos líderes europeias
saíram igualmente palavras dedicadas ao pacto de crescimento – outra das
bandeiras da candidatura de hollande -, a ser implementado em paralelo ao pacto
orçamental para ‘apertar’ com a disciplina económica dos 25 países que
assinaram o acordo.

em discussão deverão assim estar os pontos que ajudarão a edificar
este pacto, que visa estimular a europa rumo a um caminho de crescimento.
ontem, recorde-se, a ocde divulgou um relatório no qual alertou, como escreveu
a bbc, que a zona euro poderá passar por uma «grave recessão» no próximo ano.

diogo.pombo@sol.pt