basílio tem 42 anos e é o único triatleta federado a praticar a modalidade em portugal com recurso a próteses: «uso uma para correr, outra para pedalar, outra para andar, outra para ir à praia ou à piscina», explicou à lusa.
a prótese para correr tem doze anos, apenas menos quatro do que os anos com que pedro vive sem a perna direita. perdeu-a num acidente de automóvel, depois de se ter despistado, provavelmente por ter adormecido ao volante. tinha 26 anos.
«quando perdi a perna, acabei por me sentir um bocado derrotado. ainda não tinha recuperado totalmente de outro acidente e ali esmoreci um bocado. senti-me revoltado e acabei por perder um bocado a esperança», contou.
o incentivo dos amigos ajudou-o a ir à luta e dar a volta por cima, mesmo que o processo de recuperação tenha sido «muito longo e muito duro».
«não foi só a parte física que tive de recuperar, mas também a parte psicológica – e quando a cabeça não acompanhava o corpo, era um bocado difícil -, e depois a parte biomecânica porque, para me adaptar ao desporto, foi quase aprender tudo de novo», acrescentou.
pedro basílio garante que a evolução «tem sido sempre para melhor» e lembra que já fez prata nuns europeus, conquistou um nono lugar nos mundiais de budapeste, um terceiro num campeonato europeu de triatlo e, mais recentemente, alcançou um quarto lugar nos campeonatos do mundo de duatlo.
o sonho passa por conseguir participar nos mundiais de longa distância, em espanha, durante o mês de julho. e se numa prova olímpica de triatlo, qualquer atleta tem de conseguir nadar 1,5 quilómetros, pedalar 40 quilómetros e correr mais 10, num «half iron-man» as distâncias aumentam para 1.900 metros a nadar, 90 quilómetros a pedalar e 21,100 quilómetros a correr.
sonho que pedro basílio só vai alcançar se conseguir comprar uma nova prótese para correr e que custa quase cinco mil euros. a sua está partida e já nem lhe permite sequer treinar, mas é aqui que entra bruno brito, amigo e impulsionador da campanha na rede social facebook, que dá pelo nome vamos ajudar o pedro basílio, e na qual é pedido que cada pessoa doe um euro.
à lusa, bruno brito explicou que o ideal seria ter a prótese já no próximo domingo, quando pedro basílio participa numa prova de longa distância em aveiro, mas sabe que isso não é possível, já que ainda só foram angariados cerca de 500 euros e seria preciso tempo para encomendar e testar a prótese.
«para este domingo é impossível, mas, para o final de julho, tem de ser e vai ser possível», afirmou, convicto.
não há apoios de organizações, instituições, outro tipo de organismos ou mesmo do estado. ambos contam com os amigos e os amigos dos amigos que as redes sociais permitem juntar, já que, sozinho, pedro basílio sabe que não vai conseguir suportar o valor da prótese.
desempregado desde setembro, viu-se dispensado da empresa para a qual trabalhava há quatro anos – uma empresa de gestão de complexos desportivos da câmara municipal de loures – sem perceber o motivo, já que, segundo explicou, não só não foi extinto o posto de trabalho, como colocaram outra pessoa no seu lugar.
mais uma razão que o faz concentrar todas as forças no objectivo campeonato do mundo, e acreditar que a nova prótese vai aparecer.