O ‘El Loco’ que queria separar os bascos antes da final

Não é por acaso que ganhou, desde cedo, a sua alcunha: ‘El Loco’. Marcelo Bielsa voltou a surpreender o universo do futebol, em concreto o mundo basco do Atlético de Bilbau. O argentino queria levar para Madrid, cidade onde disputará a final da Copa do Rey, apenas os 18 convocados para o jogo, e deseja…

a sua vontade caiu mal entre as hostes bascas, habituadas, por tradição, a uma união entre si que é transversal a toda a cultura de um clube que, anos após ano, escreve a sua história com pinceladas saídas apenas dos pés de jogadores bascos, os únicos que podem vestir a camisola do atlético de bilbau.

o argentino foi elogiado vezes sem conta esta época, principalmente pelo futebol praticado – rápido, vertical, com muitas trocas de passes e constantes movimentações dos jogadores -, e secundariamente pelo percurso – chegou à final (perdida) da liga europa e ao derradeiro encontro na copa do rey, que disputará, na sexta-feira, diante do barcelona.

agora, porém, deverão estar prestes a surgir as primeiras, e mais acesas críticas. tudo porque bielsa queria separar um plantel historicamente habituado à união, ao defender que apenas os 18 jogadores convocados para a final poderiam ficar no hotel sheraton mirasierra, no centro de madrid. os restantes elementos do plantel ficariam em outro hotel da cidade.

‘loucura’ contra tradição

o desejo de bielsa terá caído mal entre jogadores e responsáveis bilbaínos. o desportivo marca escreve que alguns dos ‘pesos pesados’ do plantel, leia-se, os principais jogadores, ter-se-ão mesmo reunido com a direcção pedido explicações para o que o argentino queria.

 alguns terão achado que o desejo do treinador era a gota de água, depois de ter separado os jogadores na véspera da final da liga europa, em bucareste.

o mesmo diário lembra que, em toda a sua história, e sempre que disputou finais, todos os jogadores do plantel do atlético se reunia e se mantinham juntos antes, durante e depois dos jogos decisivos. de facto, alegadamente havia jogadores que estariam dispostos a viajar por conta própria para a capital espanhola.

obcecado pelo trabalho, numa eterna busca pela perfeição, pelo futebol atacante e exigindo sempre um comprometimento dos seus jogadores. a esta fórmula, bielsa juntou uma personalidade atípica: só fala em conferências de imprensa, onde os seus olhos apenas se focam no vazio e, entre outras curiosidades, antes de ingressas no clube basco admitiu que via milhares de gravações de partidas de futebol num ano.

ora, a sua ‘loucura’ não foi suficiente para a sua vontade, neste caso, perdurar. bielsa terá concordado em abdicar deste desejo, pois terá admitido que a proposta poderia causar consequências indesejadas nos dias que antecedem a final, a segunda que a equipa disputará esta época.

no campo, lutará contra um barcelona que, pela última vez, será orientado por pep guardiola. e este nome traz consigo outra curiosidade: antes de aceitar o cargo de treinador nos ‘blaugrana’, guardiola viajou até rosário, cidade natal de bielsa, onde conversou durante 11 horas com o argentino, para se aconselhar antes de uma aventura que acabou por durar quatro anos.

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