Modelo de ouro

No passado domingo venceu pelo segundo ano consecutivo o Globo de Ouro. Apesar de não ter medidas convencionais, Sara Sampaio, a nova cara da Calzedonia, está a dar cartas no mundo da moda

já desfilou nas passerelles da modalisboa, do portugal fashion e das semanas da moda de nova iorque, paris e milão. recentemente, sara sampaio foi nomeada como uma das mulheres mais escaldantes pela gq inglesa. «nem acreditei. fiquei super contente. parecia uma criança aos pulos», confessa ao sol.

com apenas 20 anos, a modelo natural do porto já foi capa da vogue, marie claire, elle e glamour. sara sampaio já fotografou ao lado de modelos como kate moss, adriana lima, as suas musas, e irina shayk. «lembro-me de fotografar com a kate moss e de estar super-nervosa. ela é mais baixa que eu e é uma referência para qualquer manequim que não tenha as medidas habituais. para a campanha da bluemarine fotografei com a adriana lima. estava maravilhada. acho que quando se admira uma pessoa o nervosismo fica lá sempre».

recentemente pudemos ver a modelo caída do céu como um anjo na campanha do desodorizante axe. agora, foi a primeira portuguesa escolhida para ser a imagem da calzedonia.

num discurso emocionado, sara recebeu no passado domingo o seu segundo globo de ouro para melhor modelo feminino, prémio que dedicou à avó que perdeu recentemente. «as pessoas dizem: ‘já estás habituada’. mas acho que uma pessoa não se consegue habituar a este tipo de situações».

da matemática para a moda

sara tornou-se conhecida aos 16 anos, depois de vencer o concurso cabelos pantene. desde então, é representada pela central models e por várias agências europeias. este foi o ponto de partida para uma carreira que, apesar de curta, já é reconhecida internacionalmente.

aconselhada pelos pais, decidiu acabar o ensino secundário. assim que pôde mudou-se para lisboa e inscreveu-se no curso de matemática aplicada. a par do curso fazia trabalhos de moda para ganhar currículo.

o grande trampolim surgiu quando fez uma viagem a londres com o amigo e colega da central luís borges. «fiz uns castings e acabei por ir ficando». de londres para paris, a cidade que escolheu para viver, foi um pulo.

entre somas e subtracções, a modelo equacionou a sua vida e não ficou dividida. o resultado foi deixar a matemática para trás. isso e o seu grande hóbi: tocar violino.

no início de carreira disseram-lhe que não tinha altura suficiente para desfilar e que a sua imagem era comercial. «entrei num mundo que o que é normal é ter 1,80m e eu tenho 1,72», explica. a altura não foi um obstáculo e prova disso foi a sua nomeação para melhor manequim nos fashion tv awards.

«acho que tem tudo a ver com dedicação. se é o que queremos temos de sonhar alto, enquanto não pagarmos impostos para isso. a adriana lima e a giselle bündchen não estariam onde estão se não tivessem sonhado». no entanto, confessa que ainda hoje leva muitos nãos. «claro que custa mas faz parte do trabalho. já não levo a peito».

diz não ter restrições na alimentação porque tem sorte com a genética. «faço parte daquela percentagem que todas as mulheres odeiam». fazer exercício e cuidar da pele é essencial, até porque «a longevidade é importante na moda, quanto mais nova se parecer, melhor».

quanto ao mito de que as modelos não primam pela inteligência, sara tem uma opinião formada: «os clichés vão sempre existir. às vezes entre amigas falamos de coisas estúpidas e dizemos: ‘model moment’. [risos] brincamos com isso. já conheci das pessoas mais interessantes nesta profissão. às vezes posso estar a trabalhar com uma pessoa que não saiba equações matemáticas, mas isso é só um tipo de inteligência».

apesar da tenra idade, sara já conquistou o que muitas modelos ambicionam. no entanto, ainda tem um caminho por desbravar. «isto é ainda só o começo. gostava de fazer uma campanha para a chanel, escada, d&g e ser capa da vogue de paris e de itália e da love magazine. é uma lista infindável».

rita.osorio@sol.pt