o antigo líder trabalhista, que comandou os destinos do
reino unido na década entre 1997 e 2007, compareceu hoje perante o juiz brian
leveson, que tem orquestrado o inquérito.
no tribunal de londres, blair negou ter assinado qualquer
acordo com rupert murdoch, o magnata e proprietário da news corporation, a
empresa de comunicação que detinha o news of the world, semanário que, após 168
anos em circulação, terminou a sua actividade em julho de 2011.
o seu encerramento confirmou-se após o irromper do escândalo
de escutas ilegais que agora se arrasta pela justiça, com vários ‘interrogatórios’
a antigas figuras do jornal e da política britânica. hoje foi a vez de tony
blair, que alegou apenas ter mantido uma «relação de trabalho» com murdoch
enquanto liderava o executivo britânico.
porém, o antigo líder admitiu que «controlar estas forças
[jornais] era uma das grandes tarefas e era difícil», admitiu, citado pelo the
guardian, antes de garantir que «nunca pediu» a rebekah brooks, antiga editora
do news of the world, ou a murdoch, «para conduzirem ataques contra indivíduos
em específico». e acrescentou: «odeio esse tipo de política».
blair comandava o governo quando o reino unido integrou a
missão que invadiu o iraque, em 2003. questionado sobre três telefonemas que
partilhou com murdoch alguns dias antes do início do conflito, o antigo líder
trabalhista considerou que estes «nada tiveram de estranho».
«o homem é um
criminoso de guerra»
pelo meio da sessão,
registou-se uma interrupção repentina. um indivíduo irrompeu pela sala através
de um corredor que terminava atrás do juiz, e prontamente começou a vociferar
gritos dirigidos a tony blair.
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david lawley-wakelin, professor de 42 anos e um cineasta
responsável por um documentário sobre a guerra do iraque, atirou comentários
acerca de eventuais pagamentos por parte da jp morgan a blair pelo papel que o
político teve na guerra. após ser empossado do cargo de primeiro-ministro, em
2007, lembre-se, o trabalhista assumiu funções na empresa.
«desculpe, este homem devia ser preso por crimes de guerra»,
começou por dizer, ao entrar na sala. depois, num tom mais berrante e
frenético, soltou: «jp morgan pagou-lhe pela guerra do iraque, três meses depois
de invadirmos o país. foi pago com seis milhões de dólares todos os anos, e
continua a ser».
já ao ser derrubado por alguns membros da polícia,
lawley-wakelin terminou na mesma nota: «o homem é um criminoso de guerra».
horas depois de ter protagonizado este episódio, o homem
confessou ao the guardian que tinha entrado no edifício do royal courts of
justice, o tribunal londrino, pela porta traseira. «pensei – como é que o próprio
[juiz] leveson entra?», admitiu.
após ser detido, contou ainda que as autoridades o levaram para
o esquadra, tendo assegurado que foi sempre «tratado com respeito», e que o
soltaram após prometer que não voltaria a tentar ‘invadir’ o tribunal.
david lawley-wakelin concedeu ao pedido, mas fez a sua
própria promessa: «sempre que blair estiver em público, é melhor que olhe por
cima do ombro, pois lá estarei para o voltar a fazer».