mostra, por um lado, que existe separação clara de funções entre o poder executivo e o poder dos tribunais – como seria de esperar. e cria, por outro lado, um quadro politicamente mais estável para a realização do escrutínio no qual os angolanos decidirão quem governará o país na próxima legislatura.
e é importante esta estabilização, porque elimina um ponto de crispação política no país. não está em causa a competência de suzana inglês, nem os seus méritos. está sobretudo em causa a resolução de um problema que continuaria a desviar as atenções do que é verdadeiramente fundamental neste como em todos os processos eleitorais: as ideias de cada partido para o futuro.
importa agora, na fase de pré-campanha, e depois, na campanha propriamente dita, que cada um explique como tenciona manter o crescimento económico, de modo a que os angolanos vivam melhor e o país se afirme na cena regional e internacional.
importa, daqui em diante, que cada um diga em que áreas vai apostar mais, que meios vai alocar às prioridades e que medidas vai tomar para corrigir as distorções sociais e económicas que ainda existem.
as campanhas eleitorais são, naturalmente, momentos de tensão. assim acontece em todos os países do mundo. raramente decorrem de forma absolutamente focada, ou seja, é frequente que todos – quem está no poder e lá quer manter-se, e quem não está e quer atingi-lo – acabem por entrar na troca de acusações políticas, por vezes pessoais. a campanha para as eleições angolanas não será diferente.
no entanto, estas eleições têm um carácter particular. acontecem num dos países em maior crescimento no mundo. ocorrem num dos estados mais promissores em termos de desenvolvimento e numa das nações que mais atrai investimento estrangeiro em áfrica. as eleições de angola só podem, por isso, ser um sucesso do ponto de vista organizacional. mais: o processo está ‘condenado’ a correr bem, o que significa que todos têm de estar à altura das suas responsabilidades.
as prioridades do mpla são conhecidas e têm sido demonstradas, dia após dia, na acção do executivo suportado pelo partido. as da oposição, para já, nem por isso. é normal que as oposições critiquem os poderes – e devem fazê-lo, porque tal é um sinal de vitalidade democrática. mas mais importante é dizerem o que fariam diferente. é isso que os angolanos esperam de todos. e o mundo também.