Gregos não vão gostar: Lagarde está isenta de pagar impostos

No sábado, os gregos uniram-se no protesto contra palavras que vieram de fora. As declarações da directora do FMI que pediu aos helénicos que pagassem os seus impostos, ergueram uma onda de indignação no país, que até chegou ao Facebook. Uma onda que hoje deverá ser reforçada, dia em que se soube que Christine Lagarde…

a 26 de
maio, a directora do fundo monetário internacional (fmi) concedeu uma
entrevista ao the guardian. à conversa não fugiram a crise e a situação grega
como temas principais, e no diário britânico foram publicadas palavras da líder
francesa
que não tardaram a indignar a população helénica.

«no que
se refere a atenas, penso em todas as pessoas que evitam os impostos o tempo
todo (…). penso que deviam ajudar-se colectivamente, pagando os seus impostos»,
foram as principais frases que mais atenções reuniram na entrevista. a elas se
juntou ainda outro pensamento de lagarde – «penso mais nas crianças das escolas
nas pequenas localidades do níger (…) porque acredito que precisam mais de
ajuda do que a população de atenas».

menos
de um dia depois, no domingo, alguns cidadãos gregos criaram uma página no
facebook intitulada ‘os gregos estão contra lagarde’, e que hoje, terça-feira,
conta com mais de 5 mil ‘gostos’.

no
plano políticos, os líderes de todos os partidos, desde a nova democracia (nd),
de antonis samaras, até ao syriza de alexis tsipras, contrariam a tendência que
se prolonga desde as eleições de 6 de maio e uniram-se desde então em palavras
críticas contra a responsável máxima do fmi.

esta
terça-feira, alguns jornais e sites noticiosos atiraram mais lenha para a mais
recente fogueira de polémica que se tem associada à grécia – revelaram que
christina lagarde, como líder do fmi, não paga impostos.

o the
guardian foi um deles, ao explicar que, como dirigente de uma instituição
internacional, lagarde beneficia de uma isenção de impostos ao receber o seu salário,
que anualmente ronda os 585 mil euros. uma quantia superior à barack obama,
presidente dos eua, recebe anualmente. e o líder norte-americano paga impostos.

esta isenção
da qual lagarde usufrui foi estabelecida desde a convenção de viena de 1961,
que determinou as linhas que ainda hoje regem as relações diplomáticas nos 187
países que a assinaram. o diário britânico cita o artigo 34: «um agente
diplomático ficará isento de todos os impostos, pessoais ou reais, nacionais,
regionais ou municipais».

porém,
nem este benefício oficialmente consagrado deverá esmorecer a onda de indignação
sentida pela população e líderes políticos gregos. resta aguardar por mais
reacções face a esta notícia que, por certo, não abonará para a imagem que
christine lagarde está a construir aos olhos helénicos.

diogo.pombo@sol.pt