mesmo que portugal não traga troféus para casa, o país tem sempre a ganhar com grandes eventos desportivos como o euro, que decorre de 8 de junho a 1 de julho na polónia e ucrânia ou os olímpicos, que começam a 27 de julho, em londres.
pelo clima, pela segurança e pela qualidade das infra-estruturas, há desportistas de várias modalidades e países a eleger portugal para fazerem os seus treinos de preparação. e os centros de estágios e a hotelaria nacional estão a facturar com isso. é o caso da visabeira, que no seu hotel montebelo aguieira, em mortágua, tem acolhido atletas e selecções de canoagem da polónia, rússia, alemanha e hungria e equipas da ucrânia, cuba ou brasil. no total, entre outubro e maio, 20 mil noites foram vendidas a desportistas, permitindo que o hotel mantenha uma taxa de ocupação média de 70% todo o ano. «representa muito dinheiro», explica o presidente da visabeira turismo, josé arimateia, sem quantificar.
na indústria turística, outra actividade que sai vencedora é a venda de viagens para ir ver ao vivo o desempenho das equipas lusas, sobretudo no futebol. para os três jogos da primeira etapa do euro 2012, a top atlântico, em parceria com a cosmos, colocou no mercado 600 lugares de avião. e a venda «tem corrido a bom ritmo», diz fonte da empresa escolhida como distribuidora oficial destes pacotes – que podem incluir estadia e ter preços desde 835 euros – a par da tui viagens.
o pontapé de saída da selecção das quinas será dado pela alemanha (9 de junho) e, para esse jogo, o voo fretado para o efeito está «esgotado». para o portugal/dinamarca e portugal/holanda «já são igualmente escassos os lugares para os voos especiais do dia do jogo», continua.
brindar às vitórias
já por cá, os cafés e restaurantes também se enchem de grupos para torcer pelos atletas nacionais, ainda que este ano a crise e o aumento do iva na restauração possam afectar o consumo.
«por natureza, este tipo de eventos daria um bom incremento à economia», confirma o vice -presidente da associação do sector (ahresp). «antes, as pessoas juntavam-se para jantar e viam os jogos na televisão, agora bebem apenas uma imperial», lamenta júlio fernandes, detalhando que as bebidas são os produtos mais procurados.
a mesma opinião é partilhada pela super bock e pela coca-cola, que esperam vender mais nos próximos meses. «grandes eventos desportivos, como o euro 2012, têm forte impacto no consumo de cerveja devido ao ambiente festivo que se vive. estes eventos são determinantes para impulsionar a economia, pois levam as pessoas a sair de casa para celebrar, brindar e partilhar estes momentos em convívio com os amigos e a família», resume o director de marketing de cervejas da unicer, dona da super bock, joão esteves.
«se portugal for à final, os canais de venda poderão ter um pico de vendas», comenta, por sua vez, o director de comunicação da sociedade central de cervejas, nuno pinto magalhães. frisa, porém, que até lá o impacto destes eventos no consumo «é marginal».
e porque café que se preze tem de ter uma mega-televisão, preferencialmente com ligação aos canais desportivos pagos, também estes negócios tiram vantagem. «é normal registar-se um aumento da procura desses equipamentos quando se aproxima um grande evento desportivo por clientes individuais e empresas», confirma o director de marketing da worten, única cadeia especializada que respondeu ao sol. ainda que aponte a influência de promoções e da mudança para a televisão digital terrestre, que contribuiu para aumentar as vendas de equipamentos de imagem, nuno rodrigues sustenta que «em maio, a venda destes aparelhos registou um crescimento significativo face a maio de 2011». recordando o mundial da áfrica do sul em 2010, o responsável revela que «comparando junho de 2010 e junho de 2009, tivemos um crescimento das vendas de 25%».