cada país que estará presente no europeu terá um jogador a balançar numa ténue linha: a que o separa de ser herói ou vilão, numa distância que se pauta em outras duas palavras – uma defesa ou um ‘frango’. na baliza portuguesa, essa responsabilidade caberá a rui patrício, o segundo guarda-redes mais novo da prova em quem deverá recair a titularidade.
a 9 de junho, portugal vai entrar no relvado de lviv, cidade
ucraniana, onde começará a campanha no seu quinto europeu consecutivo. o
adversário será o mesmo que eliminou a selecção há quatro anos, a alemanha, e a
defender a baliza portuguesa vai estar o segundo mais jovem guardião que deverá
ser titular na prova.
rui patrício chega ao euro empurrado pela aposta firme de
paulo bento. nos 11 encontros sob o comando do seleccionador, o guarda-redes do
sporting foi a primeira escolha na baliza em dez deles, e assim deverá
continuar no seu segundo campeonato europeu de selecções. em 2008, com os seus
20 anos, viu do banco a derrota da selecção, quando ricardo ainda era a escolha
preferida de luiz felipe scolari.
hoje, aos 24 anos, e já com cinco anos a guardar todas as
semanas a baliza dos ‘leões’, patrício deverá ser o segundo guarda-redes mais
jovem a ser titular pela sua selecção. a superá-lo surge apenas wojciech
szczesny, o guardião dos anfitriões polacos, que tem aproveitado a cultura de
aposta na juventude no seu clube, o arsenal, para se ter afirmado, com 22 anos,
na sua selecção.
rui patrício é 12 anos mais novo que shay given, o homem que
deverá ser o mais velho – 36 anos -, a assumir a titularidade de uma baliza, no
seu caso a da irlanda. quando o actual guardião do aston villa se estreou pela
equipa do seu país, em 1996, o português tinha apenas oito anos. a experiência,
falando em números, é outro dos factos que sobressai.
apesar de contabilizar mais de 100 partidas ao serviço do
sporting, patrício leva apenas 10 internacionalizações ao serviço da nossa
principal selecção. given, por exemplo, soma 121. o italiano gianluigi buffon e
o espanhol iker casillas, duas das referências nas balizas europeias têm, em
respectivo, 133 e 129 internacionalizações.
se olharmos para os restantes guarda-redes da selecção, a
idade é o ponto mais divergente. eduardo tem 29 anos e beto soma três décadas
de idade. no campo, porém, as diferenças continuam.
beto foi durante toda a época titular no cluj, onde se
sagrou campeão na roménia. apesar de somar apenas duas internacionalizações –
última delas na passada semana, no amigável com a macedónia -, o guardião tem
rodagem face aos muitos minutos de jogo que contou esta época.
eduardo, apesar de ser o mais ‘experiente’ na selecção, com
27 encontros, é o que parte atrás no ritmo de jogo que (não) acumulou esta
temporada. a sua decisão de trocar o génova pelo benfica no verão passado
revelou-se infrutífera, com o guardião a ser ultrapassado na titularidade pelo
brasileiro artur, tendo apenas direito a minutos na taça da liga e na taça de
portugal.
entre minutos, jogos e idade, rui patrício será o titular da
selecção nacional durante todo o europeu. um prémio após ter rubricado a sua
melhor época de sempre no sporting, onde finalmente afugentou os assobios que
vinham das bancadas durante os seus primeiros anos na baliza, graças a defesas
cruciais que ganharam maior evidência durante a caminhada dos ‘leões’ até às
meias-finais da liga europa.
todos os portugueses esperam que ajuda agora portugal a
ultrapassar obstáculos do caminho no euro 2012.