por iniciativa do empresário joão lagos, e com o apoio da câmara municipal de lisboa e do turismo de portugal, portugal acolhe, pela primeira vez, a prova náutica que é considerada o ‘dakar dos mares’. lisboa é assim um dos dez portos por onde passa a 11.ª edição da prova, sendo a única capital a receber as 2.000 pessoas directamente ligadas à regata, que ajudarão a esgotar os hotéis de lisboa e cascais.
entre 31 de maio e 10 de junho, lisboa captará a atenção mediática, em particular nos dias 9 e 10, com transmissões em directo. e no dia de portugal, o presidente da república, cavaco silva, irá dar o tiro de partida da regata rumo a frança, que incluirá uma rondagem (passagem) nos açores. nesse dia, os barcos da vor vão ainda cumprir um percurso que se iniciará frente à doca de pedrouços e que decorrerá até ao terreiro do paço.
«o mar é o nosso petróleo, por isso, vamos fazer tudo para chamar a atenção sobre a prova e para promover a marca portugal», sublinha joão lagos. «em tudo o resto somos periféricos, mas nisto somos centrais e é isso que queremos mostrar», acrescenta. o empresário acredita que «a força mediática deste evento chegará a mais de mil milhões de telespectadores».
com o intuito de mostrar a cidade e de qualificar o que é feito em portugal, o centro de imprensa, que terá mais de 600 jornalistas acreditados, vai funcionar na fundação champalimaud – que foi eleita pela revista the scientist o melhor sítio para trabalhar fora dos eua. «uma forma indirecta de mostrar o que se faz cá», sublinha joão lagos.
a etapa portuguesa da vor foi declarada de interesse público nacional e ‘obrigou’ à requalificação da zona ribeirinha adjacente à doca de pedrouços, em algés. estas obras implicaram um investimento repartido: 6,2 milhões de euros por parte da administração do porto de lisboa; quatro milhões do turismo de portugal; e 2,3 milhões da joão lagos sports. o empresário espera que haja um retorno financeiro na ordem dos 80 milhões de euros.
«só nos podemos regozijar com o facto de recebermos um dos cinco maiores eventos desportivos do mundo. não só porque batemos outras candidaturas de relevo, num processo extremamente concorrido entre 34 cidades europeias, mas também pela carga simbólica e histórica associada a esta passagem da vor por lisboa, mais precisamente no mesmo local de onde, há seis séculos, os portugueses deram uma nova dimensão ao mundo».
a regata, que teve início a 5 de novembro, até chegar a portugal, já fez escalas na cidade do cabo (áfrica do sul), em abu dhabi (emirados árabes unidos), em sanya (china), em auckland (nova zelândia) em itajaí (brasil) e miami (eua).
este ano, para preservar a segurança da prova e evitar ataques de pirataria, a organização da vor tomou a decisão inédita de embarcar os veleiros a bordo de um navio armado para determinadas localizações no oceano índico.
menos equipas por falta de patrocínio
para esta edição da vor estava prevista a participação de 12 embarcações. mas, diz joão lagos, por falta de patrocínios, participam apenas seis. o responsável pela vinda da vor_a portugal explica que uma campanha chega a custar 35 milhões de euros. joão lagos indica ainda que «antes uma equipa podia ter dois barcos na competição; agora só tem um». a razão? «ter dois barcos é dar vantagem ao mais rico; assim dá-se vantagem ao que for mentalmente mais habilidoso».
cada equipa é composta por dez velejadores e um 11.º tripulante, que é o media crew. este elemento suplementar – que foi uma novidade da última edição da regata – é o responsável pela ligação do barco ao mundo, e está proibido de interferir com a navegação. a este tripulante cabe a tarefa de produzir as notícias e imagens difundidas, fazendo com que este evento chegue a mil milhões de pessoas.
o media crew é ainda o responsável pela limpeza do interior da embarcação e pela preparação das refeições. mas não se pense que este tripulante faz grandes banquetes para a equipa.
só comida desidratada
a bordo só é possível ingerir comida desidratada ou alimentos liofilizados, além de barras e bebidas energéticas. a comida é idêntica às sopas em pó, mas num leque mais variado: carne, peixe, fruta, ovo ou iogurte. para as ocasiões especiais estão reservadas guloseimas, como chocolate.
joão cabeçadas, o único atleta português que já integrou a vor, explica à tabu que «tudo é desidratado para eliminar o peso da água». «para voltar a hidratar a comida, não levamos água porque senão iria dar ao mesmo; para hidratar levamos gasóleo: com um litro de gasóleo (que pesa cerca de 720 gramas) transformamos água do mar em cinco litros de água potável», explica o mais internacional dos velejadores portugueses.
em lisboa, «os barcos, mal cheguem, vão ser logo postos em terra para reparações», uma vez que completam a travessia do atlântico, aponta joão lagos. e os tripulantes dos veleiros vão ter oportunidade de reencontrar as famílias e conhecer portugal.
passeio para turistas
mas, na doca de pedrouços, também os portugueses vão poder ver de perto, e de forma gratuita, as embarcações das seis equipas. os visitantes podem ainda assistir filmes sobre a natureza, em 3d, e as crianças experimentar um simulador, que mostra como é estar a bordo de um v70 (o tipo de veleiro usado nesta competição), enquanto se navega em ondas de 15 metros.
um outro simulador disponibilizado pela fundação champalimaud, coloca os utilizadores a fazer uma outra viagem ao interior do corpo humano.
no dia 7 de junho, feriado municipal em oeiras, os barcos que entretanto tenham regressado à água irão fazer ‘passeios’ na zona, permitindo aos moradores da grande lisboa assistir a um espectáculo raro.
nesse mesmo dia, vai decorrer, no pátio da galé, a entrega de prémios da 7.ª etapa da vor (miami-lisboa). nesta altura, quem lidera a competição é a equipa espanhola telefónica.