Um Schmeichel de volta ao Euro

Uma lesão abriu as portas do Euro ao filho do lendário guardião

apenas 10 dias antes do início do europeu na suécia, em
1992, a uefa informou a dinamarca que afinal teria que viajar para norte,
apesar de não ter assegurado a qualificação para a prova. um brinde em forma de
surpresa, graças ao infortúnio de thomas sorensen, que se lesionou.

a notícia chegou após a decisão do organismo em retirar a
jugoslávia da competição, face à guerra dos balcãs que então já se fazia sentir
no território. o conflito perduraria, com mortes e genocídio à mistura, até
1995. assim, numa dezena de dias, os dinamarqueses tiveram que juntar uma
selecção.

entre os 23 jogadores que richard möller-nielsen teve que
reunir à pressa e sem preparação, constavam nomes como um dos irmãos laudrup,
brian – o outro, que actuava no barcelona, desentendera-se com o seleccionador
-, ou henrik larssen. do lote que viajou para a suécia estava igualmente peter
schmeichel, então guarda-redes do manchester united.

o guardião só deixaria entrar quatro golos ao longo da
competição, e foi uma das chaves para uma caminhada que só terminaria com a
vitória na final sobre a alemanha. agora, 20 anos volvidos, a dinamarca voltará
a carregar um apelido carregado de memórias.

a lesão de thomas sorensen, contraída no sábado durante o
amigável com o brasil, obrigou o seleccionador morten olsen a encontrar um substituto.
e foi buscá-lo ao championship, segunda divisão inglesa: kasper schmeichel,
guarda-redes do leicester, foi chamado.

aos 25 anos, o filho da lenda que chegou a passar pelo
sporting, onde chegou em 1999, não soma qualquer internacionalização pela
principal selecção dinamarquesa, mas mereceu a confiança para estar presente no
primeiro europeu da sua carreira, onde discutirá um lugar na baliza com andreas
lindegaard, do manchester united, e stephan andersen, do évian.

carregando no apelido o peso do legado do seu pai, kasper
começou a sua carreira no manchester city, onde peter terminara a sua. em 2007,
estreou-se ao serviço dos ‘citizens’ com 20 anos de idade, numa equipa longe do
poderio que hoje ostenta graças aos milhões árabes do seu proprietário.

a partir daí o jogador passou por uma sucessão de empréstimo
a clubes da segunda divisão inglesa, até que em 2009 começou a jogar com
regularidade no notts county. seguiu-se o leeds united, na época passada, e o
leicester, onde passou a temporada que agora findou. em ambas, foi sempre
titular.

diogo.pombo@sol.pt