a preparação da selecção holandesa decorre a um ritmo frenético. a laranja mecânica tem realizado encontros amigáveis a cada três ou quatro dias, e ontem, em campo diante da eslováquia, sofreu uma baixa, quiçá a que mais queriam evitar: wesley sneijder.
na segunda parte, quando a holanda já caminhava para uma
vitória final de dois golos sem resposta, o médio queixou-se do tornozelo
esquerdo e teve que ser substituído, sendo agora uma preocupação para a
selecção.
o médio do inter de milão é o ‘cérebro’ da equipa laranja.
actuando uns metros à frente de uma de uma dupla de médios de contenção, é a
sneijder que se entrega a batuta do jogo atacante holandês. dos seus pés sai o
ritmo de jogo, a velocidade dos passes, e da sua cabeça começam-se a desenhar a
grande parte das jogadas de ataque da equipa.
mesmo sem ter uma época de destaque por itália, onde passou
algum tempo lesionado, teve três treinadores diferentes e somou um invulgar número
de derrotas – ao todo, foram 19, além de um sexto lugar no campeonato.
na selecção, porém, wesley sneijder é aos 27 anos o líder da
equipa em campo. a presença do médio é indiscutível e, por esta altura, só não
sobressai mais devido a ter atrás de si dois homens demasiado estáticos, muito
similares nas suas funções e características.
mark van bommel e nigel de jong, apesar de formarem um ‘muro’
à frente da defesa, não conferem uma dinâmica a atacar que apoie o médio do
inter. jogam em linha tanto a defender como a atacar, o que muitas vezes deixa
sneijder apenas com três homens à sua frente, os dois extremos e o solitário
avançado. substituir um médio de contenção por um mais completo, de
área-a-área, poderia ser mais benéfico para a equipa. mas a convocatória de
bert van marjick pouco espaço deixou para tal.
stijn schaars, do sporting, poderia competir por esse lugar,
mas o seleccionador está a relegá-lo para ocupar o posto de lateral esquerdo na
defesa. urby emanuelson, defesa de formação mas utilizado no meio campo do ac
milan, foi preterido nas opções, e a outra opção para a lateral, jetro willens,
do psv, parece ainda não merecer a confiança do treinador.
para o meio, sobra rafael van der vaart, demasiado parecido
com sneijder e sem capacidade para defender, e o jovem kevin strootman, que
ainda não consegue conquistar o seu espaço entre os mais experientes da selecção.
em jogos que seja necessário arriscar, van der vaart podia ser colocado como
número 10, e sneijder recuava um pouco no terreno, com a equipa a ganhar dois
construtores de jogo natos.
isto se o jogador do inter de milão recuperar da lesão
contraída ontem. caso contrário, será uma má notícia para o europeu, mas uma
animadora ‘desgraça’ para portugal, que defrontará a holanda a 17 de junho, no
último encontro da fase de grupos.