a 20 de
maio, o candidato do partido progressista (sns), um populista com fortes
tendências nacionalistas, venceu a segunda volta das eleições presidenciais na
sérvia, derrotando o anterior líder do país, boris tadic.
a
vitória de nikolic foi vista por muitos analistas com o risco de uma eventual
regressão no caminho que a sérvia tinha vindo a tomar, de aproximação ao
ocidente, no âmbito da sua adesão à ue – candidatura já aceite pela comunidade,
em março. porém, o candidato deu sinais, durante a campanha, que indicavam um
esfriar da sua postura nacionalista. sinais que, agora, ao que parece, caíram
por terra.
em
entrevista a uma televisão montenegrina, citada pelo diário francês le monde, o
presidente sérvio abordou o massacre de srebrenica, uma cidade bósnia onde, em
julho de 1995, foram mortos mais de 8 mil bósnios de origem muçulmana por
tropas sérvias, em plena guerra dos balcãs (1992-1995).
ratko
mladic e radovan karadiz, ambos generais e alegadamente responsáveis pelo
ataque, estão hoje em haia a ser julgados pelo tribunal penal internacional,
acusados de terem cometido crimes de guerra e genocídio. mas este último ponto
foi recusado por tomislav nikolic.
«não
houve um genocídio em srebrenica», sublinhou, ao falar antes num «grande crime
que foi produzido pelos sérvios», que devem «ser encontrados, julgados e
punidos».
indignação do lado bósnio
as
palavras de nikolic já suscitaram resposta do lado bósnio. bakir izetbegovic, membro
muçulmano do seu triunvirato presidencial – a bósnia tem rotativamente, no
cargo de presidente, um representante bósnio-muçulmano, um croata e um sérvio
-, classificou as palavras do líder sérvio como «uma fonte de novas tensões».
«negar
o genocídio de srebrenica, que foi reconhecido pelo tip, não é uma via de
cooperação e de restabelecimento de confiança, mas justamente o contrário: é
uma fonte de novos mal entendidos e tensões», defendeu
a meio
deste mês, está previsto o primeiro encontro de tomislav nikolic com
responsáveis comunitários, em bruxelas. em discussão deverá estar a adesão
sérvia à ue, e a comunidade sempre sublinhou a importância de a sérvia manter
estáveis as suas relações com os países vizinhos, nomeadamente o kosovo, um
reincidente foco de tensões entre os kosovares e os membros das etnias sérvias
presentes no território.