bruce springsteen, que já não vinha a portugal há vinte anos, entrou em palco num registo épico com as canções we take care of our own, wrecking ball e badlands, quase sem pausas.
num português irrepreensível, bruce springsteen cumprimentou o público com um «boa noite, lisboa! como estão?», e foi recebido em delírio.
apesar de alguns rostos cansados, por tantas horas de espera, pairava uma certa onda de felicidade entre os fãs.
«esta música é sobre coisas que vão e coisas que ficam para sempre», disse bruce springsteen, 62 anos, de uma característica voz rouca, ao apresentar my city of ruins.
o concerto em lisboa, que faz parte da digressão do álbum wrecking ball, figurará entre os que tiveram maior audiência na europa.
o concerto durou duas horas e meia e o músico deixou para o fim os êxitos de rádio que o popularizaram, pelo menos em portugal, com born in the usa, born to run, glory days e dancing in the dark.
num festival feito de viagens no tempo, bruce springsteen disse que veio «matar saudades», dedicou thunder road aos fãs que viu há muitos anos, e we are alive, do novo álbum, aos que perderam o emprego ou a casa.
num rock que vai beber ao country, às raízes da música americana, de mangas arregaçadas – como ele próprio em palco – bruce springsteen conseguiu tocar como se estivesse a sós com os da primeira fila e com os que empunharam binóculos lá longe no recinto.
a pedido do público tocou ainda she’s the one e i’m on fire, convidou uma criança para interpretar parte de waitin’ on a sunny day, tal como tinha feito em berlim, e recuperou because the night, escrito com patti smith.
já depois do ritual do fogo de artifício, que fecha o rock in rio, bruce sprigsteen ainda estava em palco com uma versão de twist and shout, dos beatles.
apesar de bruce springsteen ter sido o ‘boss’ da última noite do rock in rio, o festival contou no domingo com duas outras estrelas: os xutos & pontapés e os james, ambos com um alinhamento ‘best of’, para reavivar da memória.
os james foram recebidos de forma efusiva pelo público, com o vocalista tim booth quase igual ao que era há trinta anos, a interpretar temas como laid, she’s a star, sometimes e sit down. o grupo teve a actuação mais política do festival.
o guitarrista saul davies, que vive no norte de portugal, e que, no concerto, vestia uma camisola com a frase ‘no jobs for the boys’, recordou que há pessoas que não conseguem pagar a luz de casa e há professores sem emprego, dirigindo-se ao ‘coelhinho’, o primeiro-ministro pedro passos coelho.
da parte dos xutos & pontapés foram os sucessos de sempre, que fizeram o público erguer os braços como extensões da voz em homem do leme, ‘remar remar’.
«tem sido de arrepiar, obrigada pela vossa recepção e carinho», disse o guitarrista zé pedro.
a quinta edição do rock in rio lisboa terminou no domingo somando, nos cinco dias, mais de 300 mil espectadores.
o festival regressará ao parque da bela vista em 2014.