a aposta nos mercados
sul-americanos, cada vez mais insistente, poderia ajudar a explicar a escassa
‘presença’ dos clubes nacionais no europeu da polónia e ucrânia. mas o facto é
que não é de agora – com a
troika
por cá – a incapacidade do futebol português para
competir com as ligas mais ricas e atrair os melhores jogadores do velho
continente.
depois de as transferências internacionais
terem começado a proliferar, nos anos 90, os clubes lusos abasteceram selecções
estrangeiras em todos os campeonatos da europa, mas nunca de forma expressiva:
incluindo o trio de pioneiros schwarz, thern e yuran, em 1992, as seis edições
mais recentes do europeu só contaram com 16 jogadores saídos da liga portuguesa.
schaars e izmailov são os últimos deste
lote restrito, fruto da época positiva ao serviço do sporting e de um passado
nas respectivas selecções.
o russo, que soma 31 internacionalizações,
não joga pela equipa nacional desde 2006, quando ainda defendia as cores do
lokomotiv de moscovo. as lesões vedaram-lhe o acesso desde então, mas aos 29
anos está de volta.
«izmailov já deu provas de que merece
estar na seleção. tem qualidade e é um jogador de equipa. passou por
dificuldades no sporting e não era convocado há muito tempo, mas não acho que
vá representar um problema»
, sublinhou o seleccionador, o holandês dick advocaat, para justificar
uma escolha que tem gerado desconfiança na rússia.
os 16 estrangeiros
chegado a alvalade no início desta época, schaars
é um caso diferente na holanda. já estivera no mundial da áfrica do sul –
alinhava então no az alkmaar – e volta a ter a confiança do seleccionador bert
van marwijk, que pensa utilizá-lo como defesa esquerdo.
o médio não se faz rogado e, em entrevista
esta semana ao
de telegraaf
, antecipou o possível duelo com dois adversários directos na fase de
grupos, um português e outro dinamarquês:
«não sou um defesa de raiz, mas
tacticamente sou forte e se for rápido na antecipação posso fazer das minhas
fraquezas forças. não tenho medo da velocidade de nani ou rommedahl»
.
acrescentando rui patrício e joão pereira
(de partida para o valência), o sporting cede quatro jogadores ao euro-2012,
mais um do que o fc_porto (rolando, moutinho e varela) e o sp. braga (miguel
lopes, custódio e hugo viana) e dois do que o benfica (eduardo e nélson
oliveira).
estes quatro clubes foram os únicos em
portugal a ceder ‘matéria-prima’ às outras selecções em europeus. entre as
‘águias’ schwarz, thern e yuran em 1992 e os ‘leões’ izmailov e schaars em
2012, estiveram presentes iordanov (1996), schmeichel e mpenza (2000) pelo
sporting, drulovic (2000) e alenitchev (2004) pelo fc_porto, poborsky (2000),
fyssas, andersson, sokota (2004) e katsouranis (2008) pelo benfica e linz (2008)
pelo sp. braga.
como espanha preteriu o benfiquista javi
garcía e bélgica, roménia e áustria não estão entre as finalistas do euro-2012,
nem o benfica (através de witsel) nem o fc_porto (com defour, sapunaru e janko)
têm representantes fora da equipa das quinas – embora o dinamarquês wass,
emprestado ao évian, de frança, pertença aos quadros dos ‘encarnados’.
domínio inglês
entre os 25 países onde alinham os 368
convocados para a competição – as listas definitivas foram enviadas terça-feira
para a uefa e, a partir de agora, só são admitidas alterações em caso de lesões
graves –, portugal e os seus clubes surgem numa modesta 10.ª posição, com 12
jogadores distribuídos por três selecções (
ver infografia
).
só fica à frente de seis finalistas do euro
– dinamarca, polónia, croácia, república checa, suécia e irlanda. e bem longe
da
premier league
inglesa, a principal
fornecedora da prova, com 80 jogadores espalhados por 14 das 16 selecções
(grécia e ucrânia são as excepções).
a equipa britânica é a única que recorreu apenas a clubes nacionais
para elaborar a convocatória, em contraste com a irlanda, que os ignorou por
completo.