Os favoritos do Euro: Portugal corre na sombra

Entre dúvidas e surpresas, os favoritos à conquista do Euro seguem a história recente. Espanha parte na frente e Portugal tenta erguer-se entre ‘tubarões’ logo na fase de grupos.

ao seu sexto europeu consecutivo, a selecção nacional ainda não reúne estatuto de favorita, em parte pelo destino que o sorteio lhe ditou: o de medir forças, logo na fase de grupos, com dois dos mais fortes candidatos à conquista da prova, alemanha e holanda.

no grupo b sobrou ainda espaço para a dinamarca, a equipa nórdica que obrigou portugal a disputar o playoff de apuramento e a só conseguir a qualificação em esforço e nas últimas vagas disponíveis.

a presença de cristiano ronaldo, por estranho que pareça, não ajuda a equipa das equipas a afirma-se entre os grandes favoritos.

a principal referência da selecção portuguesa parece ofuscar o restante plantel, expondo em demasia uma falta de profundidade nas opções para constituir uma orquestra que o secunde e a ausência de um maestro que a comande – ainda mais evidente depois de carlos martins ter abandonado o estádio por lesão.

nem o actual décimo lugar – até há dias quinto lugar – no ranking de selecções da fifa retira a equipa orientada por paulo bento da sombra das grandes potências, de onde lutará para sair desde o primeiro dia de competição.

portugal entrará em prova diante da mesma selecção com que se despediu nos quartos-de-final do euro-2008. com três títulos coleccionados em seis finais disputadas – 1972, 1980 e 1996 –, a alemanha habituou-se a chegar longe em provas internacionais. em 2008, só perdeu na final com uma espanha a iniciar o seu ciclo de conquistas, e no mundial de 2010 chegou às meias-finais.

hoje, a mannschaft, terceira melhor selecção na cotação da fifa, apresenta-se com uma média de idades de 24 anos, a mais jovem da competição, e sob a batuta de mezut özil. o maestro do real madrid (ver infografia) lidera uma mescla de jovens talentos – thomas müller, toni kroos, mario gotze… – e alguns consagrados como philip lahm ou miroslav klose.

depois surge a holanda, quarta selecção do ranking mundial e a mais experiente entre as participantes, com uma média de 42 internacionalizações entre os jogadores convocados – portugal fica-se pelas 27. a ‘laranja mecânica’ chega ao euro com a mesma base da equipa que foi finalista vencida no último mundial, e que lhe valeu o melhor ataque na fase de qualificação, com 37 golos.
na áfrica do sul pairaram críticas sobre a capacidade de robin van persie conseguir jogar em solitário como único ponta-de-lança. mas foi nessa posição que marcou 34 golos pelo arsenal esta época, mais os seis que apontou durante a fase de apuramento para o europeu. um rendimento que lhe deve valer a titularidade à frente de klaas-jan huntelaar, maior goleador da liga alemã pelo schalke 04 e autor de 12 golos durante a qualificação, o registo mais profícuo desta fase.

espanha mantém a base

mas na dianteira dos principais favoritos estará a espanha, campeã mundial e europeia em título, que na sua lista de 23 convocados tem 11 jogadores que estiveram presentes em ambas as conquistas.

o famoso tiki-taka de passes curtos e movimentações constantes continua a colocar a equipa de vicente del bosque como a principal candidata à vitória final, algo que nem a ausência de david villa, o melhor artilheiro de sempre da la roja, consegue abalar.

habitual favorita, a inglaterra parte com atraso em relação aos seus adversários, pois apenas contou com roy hodgson, o novo seleccionador, a cerca de um mês do início do europeu. pior será o facto de wayne rooney, a maior desequilibrador da equipa, só poder entrar em campo ao terceiro jogo da fase de grupos, por se encontrar a cumprir suspensão.

quanto à frança, campeã em 1984 e 2000, está ainda em fase de remodelação: a selecção de laurent blanc é a que menos internacionalizações junta nos seus jogadores (21 em média). em contraste com outra candidata crónica, a itália, que se apresenta como a equipa mais velha em prova. continua a valer pela qualidade defensiva: sofreu apenas dois golos na qualificação.

diogo.pombo@sol.pt