«a jogarmos assim, vamos seguir em frente». as palavras saíram da boca de cristiano ronaldo, capitão da selecção nacional, ontem à noite, no final do encontro com que portugal abriu com uma derrota, aos pés da alemanha, a sua participação no europeu.
o jogador do real madrid não foi o único a pautar deste modo a direcção do seu discurso. vários outros jogadores da selecção sublinharam a qualidade da exibição da equipa portuguesa, algo que não impediu que, no fim, um golo desse a vitória aos germânicos e atirasse portugal para o último lugar no grupo b, com zero ponto, a par da holanda.
no fundo, volta-se a verificar o que os portugueses tanto fazem por hábito: exaltam vitórias morais. do outro lado, pela imprensa alemã, o que se escreveu foi que a maanchaaft não jogou bem, mas venceu. é aqui que está a diferença.
a alemanha não rubricou uma boa exibição, mas saiu do estádio com uma vitória. no futebol, e no euro, é isso que interessa sempre – golos, vitórias e pontos.
não é por acaso que, ainda hoje, uma frase dita por gary lineker, antigo internacional inglês, continua a fazer tanto sentido: «o futebol são 11 contra 11, e no fim ganha a alemanha». os germânicos querem, lutam e sabem que têm que vencer, mesmo a jogar mal. sorte de uns ou azar de outros, é isso que quase sempre acontece. e vencem nos números, e não no sentimento.
mais do que jogar bem, a selecção tem que vencer e traduzir em vitórias a qualidade de jogo que tantos elogiaram, mas que só surgiu verdadeiramente no último quarto de hora, após sofrer um golo. só aí é que portugal incomodou verdadeiramente a baliza dos germânicos.
apesar do erro no golo alemão, pepe garante uma voz de liderança na defesa. no meio-campo, e mesmo com a qualidade de passe que dá à equipa, miguel veloso teima em ser pouco agressivo nas disputas de bola e na marcação.
no ataque, tanto hélder postiga como nélson oliveira foram engolidos pela marcação dos centrais germânicos, altos, fortes e também agressivos, num estilo semelhante de defensores que a selecção vai igualmente encontrar quando estiver perante os holandeses e dinamarqueses.
no próximo encontro, a selecção vai defrontar uma dinamarca que, até agora, colou ao seu nome a maior surpresa do europeu. ao vencer a holanda, no sábado, os nórdicos baralham as contas do grupo e dificultam ainda mais a vida a portugal.
a selecção está obrigada a vencer os dinamarqueses para somar três pontos e poder chegar ao terceiro jogo com hipóteses de seguir em frente para os quartos de final. à semelhança do que fizeram na fase de grupos, os nórdicos vão dificultar a vida a portugal, e deixaram um aviso disso mesmo na vitória sobre a holanda.
a dinamarca tem uma equipa, com todas as letras da palavra, e mostrou que, apesar de não conseguir dominar um jogo, consegue controlá-lo. com as suas linhas juntas e uma sólida defesa – onde se destaca daniel agger, o capitão -, os dinamarqueses mostraram uma calma e frieza na posse de bola que foi crucial para serenar o jogo nos momentos em que a holanda mais procurava a atacar.
se estão ao alcance de portugal? claro que sim. a selecção pode discutir o resultado com qualquer equipa presente neste europeu. mas a equipa de paulo bento terá que adoptar algo que estes dinamarqueses tanto privilegiam, o pragmatismo.
algo que, ontem, valeu a vitória à alemanha.