italianos e espanhóis empataram ontem num dos encontros grandes da primeira jornada. cada equipa reclamou um golo, pelo meio de um confronto que trouxe para o relvado uma partida aberta, pautada por um ritmo acelerado e sem que a squadra azzurra se atemorizasse com o poderio de jogo espanhol. um poderio que a itália conseguiu, muitas vezes, anular.
a itália entrou em campo com uma surpresa. o recuo de
daniele de rossi para o centro da defesa era algo já esperado, face às lesões
que assolaram o plantel transalpino. o que não fora previsto era que, na cabeça
de cesare prandelli, o médio da as roma recuasse para formar uma tripla de
centrais na defesa da equipa.
ladeado por leonardo bonucci e giorgio chiellini, o recuo do
médio deu à equipa uma renovada capacidade para começar a construir jogo desde
junto à sua área, e melhor do que se lá estivesse, ao invés de de rossi, um
central de origem.
além de acrescentar a sua qualidade de passe em zonas recuadas,
a presença do médio a central permitiu duas coisas: ora libertar, mais à
frente, andrea pirlo, face à atenção que o meio campo espanhol ia dando a de
rossi quando tentava iniciar a construção de jogo na zona dos centrais, ora
libertando-se ele próprio para começar as saídas para o ataque, quando o ‘cérebro’
da juventus tivesse cercado e sem espaço no meio campo.
a defender, porém, a distribuição de jogadores escolhida
pelo seleccionador italiano também ajudou a fechar os espaços à espanha. com os
três centrais, prandelli colocou um jogador de cada lado encarregue de
percorrer toda a faixa lateral – christian maggio, à direita, e emanuel
giaccherini, à esquerda.
assim, e quando necessário, a itália não demorava a
organizar uma defesa assente quase numa linha de cinco jogadores. do outro
lado, vicente del bosque, treinador espanhol, optou por jogar de início sem um
avançado de origem fixo na frente, preferindo antes colocar cèsc fabregas.
sem um ponta de lança na frente, todos os jogadores do meio
campo espanhol, à excepção de xabi alonso e sergio busquets, iam trocando de
posições e ocupando, à vez, um lugar junto dos centrais italianos. mas esta
preocupação incutida no jogo espanhol tirava da cabeça dos seus jogadores uma
outra – a de darem largura ao jogo e ocuparem, a atacar, as faixas.
assim, sempre que os italianos juntavam os dois homens das
alas à sua tríade de centrais, a espanha via os espaços fecharem-se à sua
frente, e não tinha soluções nas faixas para ‘esticar’ a posse de bola e
obrigar a defesa italiana a, por sua vez, alargar-se e abrir espaços. os
espanhóis tinham muita posse de bola, sim, mas poucas (ou nenhumas)
oportunidade de golo criavam com ela.
tal só começou a acontecer quando jesús navas entrou na
partida, logo após o golo do empate espanhol, por volta da hora de jogo. a
mudança obrigou giaccherini a fechar mais na esquerda, e tal abriu mais espaços
no meio para, por exemplo, fernando torres, que entretanto entrou e dispôs até
de duas ocasiões para marcar.
por outro lado, a itália, quando recuperava a bola, não
tardava em lançar a bola para a antonio cassano ou mario balotelli – depois sebastian
giovinco e antonio di natale -, uma dupla atacante, sempre rápida, que foi
causando problemas à defesa espanhola.
a estratégia transalpina não se restringiu à defesa.
de acordo com as estatísticas da castrol, o saldo do encontro mostrou que iker casillas, guarda-redes espanhol, fez o mesmo número de defesas em 90 minutos do que todas as que tinha sido obrigado a fazer durante a fase de qualificação: cinco.